Mercado Livre

Exportação de energia para a Argentina é oportunidade para termelétricas

A continuação da exportação de energia para a Argentina, iniciada no último sábado (25/07) vai depender dos preços oferecidos pelos geradores brasileiros e da continuação da demanda no país vizinho. A operação é vista como uma oportunidade para os geradores, já que envolve usinas que estariam paradas, não necessárias para atender a demanda hoje no Brasil.

No momento, estão exportando energia as térmicas Jorge Lacerda, da Engie Brasil Energia, Norte Fluminente, da EDF, Araucária, da Copel, e Cuiabá, da Âmbar. 

A exportação deve se manter até meados de agosto, quando as temperaturas devem subir no inverno argentino, reduzindo a necessidade de importação de energia, disse Walfrido Ávila, presidente da Tradener, comercializadora que representa a Compañía Administradora del Mercado Mayorista Eléctrico S.A. (Cammesa) no Brasil.

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A Tradener recebeu autorização do Ministério de Minas e Energia (MME) em 9 de julho para exportar energia dentro do novo formato estabelecido pela portaria 418/2019, de 19 de novembro do ano passado. A norma, que só entrou em vigor em maio desse ano, prevê a exportação de energia elétrica interruptível sem devolução para Argentina e Uruguai. Podem exportar as termelétricas em operação comercial que não estejam despachadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) por ordem de mérito nem por garantia de suprimento energético.

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Os contratos com a Argentina são curtos pois dependem da previsão de demanda do país vizinho, ao mesmo tempo em que podem ser interrompidos a qualquer momento se o ONS precisar de uma das usinas em questão para atendimento da carga no Brasil.

“A importação é interruptível e não há garantia que vai continuar. Por isso é feito um ‘bid’ de cada vez. É um jogo de xadrez entre o importador e o exportador”, disse Ávila, da Tradener. 

A Engie, que opera a usina a carvão Jorge Lacerda, já apresentou sua oferta para um novo contrato semanal, já que o atual termina na sexta-feira, 31 de julho. “Surgiu essa oportunidade temporária que casou perfeitamente, pois essa usina não é necessária no país e a Argentina passa por um inverno rigoroso”, disse Gabriel Mann dos Santos, diretor de comercialização de energia da Engie Brasi Energia.

Com as temperaturas baixas, a Argentina prioriza o uso do gás natural para calefação, e a importação de energia se torna uma questão de preço. Se os geradores brasileiros oferecerem custos mais competitivos que os de usinas locais a óleo combustível, a importação é efetivada.

“Fomos bastante ágeis nas conversas com a Tradener e conseguimos nos preparar rapidamente. Em uma semana fechamos contratos, garantias e fechamos a proposta”, disse Santos. Para a Engie, a oportunidade é ainda mais atrativa pois o complexo de Jorge Lacerda está à venda, devido ao posicionamento do grupo de reduzir as emissões de gases poluentes. “O processo de venda ainda está em andamento mas, enquanto isso, buscamos agregar o máximo valor possível”, disse o executivo.

Depois do período de inverno rigoroso, a próxima janela de oportunidade de exportação de energia para a Argentina deve vir no verão, quando o país vizinho também sofre com elevadas temperaturas e registra novo aumento na carga.

Enquanto outras termeléricas podem exportar de acordo com a nova regra, o Ministério de Minas e Energia (MME) abriu consultas públicas para exportação de energia proveniente de vertimento turbinável de hidrelétricas e de excedentes energéticos de fontes renováveis.

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