
A N5X inicia nesta quarta-feira, 23 de abril, a operação de sua tela de negociação para compra e venda de energia no mercado livre, passo que faz parte da sua estratégia para iniciar a operação como uma bolsa, ou clearing, a partir de 2026.
Por meio da plataforma, participantes institucionais poderão inserir ordens de compra e venda de contratos de energia diretamente na tela, com aplicação automática das políticas de risco de contraparte e funcionalidades de comunicação entre operadores.
O início das operações será marcado por um evento na sede da B3, que é uma das acionistas da N5X por meio do fundo L4 Venture Builder. A plataforma já conta com mais de 240 empresas cadastradas, entre elas Auren, Casa dos Ventos, Eletrobras, Eneva, Hydro e Statkraft.
A CEO da N5X, Dri Barbosa, afirma que o novo módulo é uma extensão da Boleta N5X, funcionalidade lançada no ano passado para registro de negociações bilaterais. “Agora os agentes podem negociar diretamente na tela, com controle de risco integrado ao processo, o que representa um avanço em relação ao modelo atual, ainda baseado em trocas bilaterais e comunicação descentralizada”, diz.
Entre os recursos disponíveis na nova funcionalidade estão o cadastro e gestão das políticas de risco de contraparte, alerta automático de limites e chat interno com registro de mensagens. O objetivo é permitir mais controle e rastreabilidade nas interações entre os operadores, o que também contribui para os processos de compliance das empresas.
Rastreabilidade e compliance
Stella Cabreira, responsável por compliance de mercado da Norsk Hydro, afirma que a rastreabilidade do chat facilita a auditoria interna das conversas, um ponto sensível para empresas com políticas globais de governança.
Para Italo Freitas, vice-presidente de Comercialização da Eletrobras, a criação de uma plataforma digital e independente é uma demanda crescente no ambiente de contratação livre. “Com a expansão do mercado livre, que hoje representa cerca de 43% do consumo nacional, é necessário ampliar as ferramentas disponíveis para negociação com mais segurança e transparência”, afirma.
Expansão e estratégias da N5X
A N5X é uma joint venture entre a L4 Venture Builder e a Nodal Brazil, empresa do Grupo EEX, que também é acionista. O Grupo EEX é responsável pela operação de bolsas de energia na Europa, EUA e Ásia. Segundo o CEO da EEX, Peter Reitz, a entrada no Brasil segue a estratégia do grupo de replicar modelos bem-sucedidos de mercados bilaterais em novos países, em parceria com agentes locais.
O projeto também conta com a participação da B3. Para Luiz Masagão Ribeiro Filho, vice-presidente da B3 e conselheiro observador da N5X, a plataforma representa um passo importante no processo de estruturação do mercado de negociação de energia no Brasil. “A proposta é avançar para uma solução com contraparte central no futuro, mas o lançamento da tela já contribui para a padronização e organização do ambiente de negociação”, afirma.
Planos futuros e autorização regulatória
Os planos da N5X envolvem obter autorização do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para atuar como contraparte central até o próximo ano. Em 2025, a missão da empresa é se fortalecer como plataforma para negociações bilaterais entre os agentes, num processo importante para mapear os processos dos potenciais clientes.
Em participação no MinutoMega Talks, em novembro de 2024, Dri Barbosa disse ver espaço para aumentar em “dez vezes ou mais” a liquidez do mercado livre de energia por meio do aumento da segurança no mercado e da centralização da gestão das contrapartes. Quanto mais exigente o mercado em termos risco de crédito, mais importante o modelo da clearing house, já que há um compartilhamento do custo do colateral centralizado.
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