A forte onda de calor que atinge a região Oeste dos Estados Unidos é a principal culpada pelos apagões registrados na Califórnia nas últimas semanas, e a saída para um futuro com menos emissões de carbono e confiabilidade na rede passa pelo desenvolvimento de novas ferramentas e pela flexibilidade da carga, disse Andrew McAllister, comissário na California Energy Commission, órgão responsável pelo planejamento e pelas políticas energéticas do estado.
McAllister participou nesta terça-feira, 1ª de setembro, de um webinar promovido pela E+ Transição Energética moderado por Mário Veiga, fundador da PSR.
Com a onda de calor em toda a região Oeste, a energia que poderia ser importada pela Califórnia dos estados vizinhos acabou não ficando disponível. O operador do sistema local conseguiu reduzir o pico da demanda em 4 GW e acrescentou 950 MW de gerações temporária, evitando mais apagões, mas ainda assim milhares de consumidores ficaram sem energia.
“Normalmente, esses problemas isolados não seriam problemas, mas todos combinados tornaram difícil encontrar recursos suficientes”, disse McAllister.
No longo prazo, as soluções para manter a confiabilidade do acesso à energia na Califórnia passa pelo aumento da construção de recursos energéticos dentro do estado e a garantia de importação dos sistemas vizinhos, a revisão das projeções de demanda e das políticas relacionadas às mudanças climáticas, e o estabelecimento de processos que permitam maior flexibilidade da carga.
Segundo o comissário, é importante utilizar as ferramentas disponíveis e desenvolver novas tecnologias que permitam uma operação mais eficiente do grid em tempo real. A construção de sistemas inteligentes nos imóveis vai facilitar a integração dos recursos de geração distribuída com o grid. A automação é chave para essa mudança para uma carga atendida de forma mais eficiente em termos de custo.
“A flexibilidade da demanda vai permitir que a energia seja usada de forma que minimize os custos do grid e também reduza as emissões de carbono”, afirmou McAllister. Além disso, as tarifas serão mais competitivas nesse cenário.
Dados apresentados pelo comissário mostram que, desde 1975, os padrões mínimos de eficiência energética aplicados na Califórnia já pouparam mais de US$ 100 bilhões em custos com energia elétrica. Além disso, o estado caminha rapidamente nas reduções de emissões de gases poluentes, com o objetivo de ter uma política energética 100% limpa em 2045. O estado, que representa 14,6% do PIB americano, corresponde à 6,57% das emissões de gases poluentes.
“Na Califórnia, é muito diferente você licenciar uma linha de transmissão, há muitos requisitos e pode levar de 10 a 15 anos, enquanto no Texas é muito mais rápido. Mas nós temos muito mais geração distribuída, mais geração solar, estamos mais preocupados com o meio ambiente”, afirmou o comissário. Segundo ele, “a Califórnia precisa estar na ponta de desenvolvimento de tecnologias de uso de carga e flexibilidade mais que outros estados precisam estar”.