Opinião da Comunidade

Fábio Carrara escreve: Energia solar distribuída protagoniza retomada verde brasileira

Fábio Carrara escreve: Energia solar distribuída protagoniza retomada verde brasileira

Por Fabio Carrara

A capacidade de identificar oportunidade em meio às grandes crises é o que impulsiona países e mercados à recuperação. A energia solar tem sido protagonista nos rumos da recuperação brasileira, e a fonte solar distribuída, sem dúvida, tem potencial para alavancar a economia. O histórico recente do Brasil nos mostra isso: na crise de 2015 e 2016, o PIB do país foi de -3,5% ao ano, mas o setor solar fotovoltaico cresceu mais de 300% ao ano. Este ano, estamos registrando crescimento de 90% em relação ao ano passado, mesmo com a pandemia. 

Em setembro deste ano, o Brasil ultrapassou as 300 mil conexões de geração distribuída solar fotovoltaica, de acordo com dados divulgados pela Aneel. A quantidade de sistemas instalados conectados à rede em 2020 já ultrapassou a quantidade total de sistemas instalados em 2019. No ano passado foram registradas 120.914 instalações, este ano já ultrapassou 121 mil. Em número de sistemas instalados, os consumidores residenciais são maioria e representam 72,5% do total, seguidos pelas empresas de comércio e serviços (17,7%), consumidores rurais (6,8%), indústrias (2,6%), poder público (0,4%) e outros tipos, como serviços públicos (0,03%) e iluminação pública (0,01%). De acordo com a Absolar, esses mais de 300 mil sistemas conectados à rede proporcionam economia financeira a 374,4 mil unidades consumidoras. A tecnologia solar fotovoltaica, por sua vez, está presente em mais de 5 mil municípios e em todos os estados brasileiros. 

Isso mostra que é preciso desbravar um caminho de criar empresas e desenvolver o mercado de energia solar no Brasil. É preciso unir investidores, integradores solares e clientes que desejam produzir sua própria energia por meio da fonte mais abundante e limpa que existe, o sol. E não precisamos ir muito longe para entender o potencial desse mercado. 

Nesse aspecto, o financiamento de sistemas de painéis fotovoltaicos é fundamental para o crescimento da geração distribuída, porque transforma custo em investimento, e investimento em impacto social e sustentável. Sustentável, porque estamos falando de uma matriz de geração de energia limpa; e social, já que contribui para a redução de despesas com energia para o consumidor final. No futuro, toda casa terá painéis solares, baterias e carros elétricos. 

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O cenário ainda é tímido diante do potencial do Brasil, que é um dos melhores países do planeta para energia solar distribuída porque tem tarifa de energia cara e muita incidência de sol, nosso pior estado tem incidência melhor que todas a regiões da Alemanha, que é uma potência solar hoje no mundo. Além disso, a mão de obra acessível torna o custo da energia solar competitivo para atrair e viabilizar investimentos. É um setor anticíclico, que tem triplicado em tamanho nos últimos anos. Em 2019, foram mais de R$ 6 bilhões aportados em sistemas energia solar em telhados pelo Brasil. 

A fonte solar distribuída representou aproximadamente 17% de toda capacidade adicional instalada de geração de energia no Brasil em 2019 segundo a Aneel. A Empresa de Pesquisa Energética divulgou recentemente um estudo em que coloca a fonte solar distribuída como promissora para alavancar investimentos no país, com estimativa de movimentar um montante da ordem de R$ 70 bilhões em dez anos, considerando aí que não se tenham grandes mudanças nas regras atuais de remuneração de energia gerada. 

O grande gargalo é que a minoria dos brasileiros tem poupança para investir em um produto tão bom como os sistemas de energia solar. Isso se comprova porque os integradores têm alta demanda, mas baixa conversão em vendas. Por isso, a dor que precisamos resolver é permitir que as pessoas que não têm recurso possam acessar a geração distribuída sem desembolso nenhum, em um modelo de financiamento que permita ao consumidor ter a liberdade de produzir sua própria energia, de forma sustentável do ponto de vista ambiental e financeiro. Todas as esferas do setor de energia no país já perceberam que a retomada da economia tem que ser verde. 

O crédito solar é um crédito com propósito, e que tem cada vez mais, o reconhecimento mercado de capitais, que vem investindo no setor. As projeções da EPE e os números recentes da Aneel confirmam a capacidade da energia solar de endereçar o crescimento do setor e do país, puxada pelo financiamento como protagonista. Com essa perspectiva é que o Brasil tem a oportunidade de se diferenciar porque conta com gente empreendedora, tecnologia e inovação para liderar essa retomada globalmente. 

Fábio Carrara é CEO e fundador da Solfácil

Cada vez mais ligada na Comunidade, a MegaWhat abriu um espaço para que especialistas publiquem artigos de opinião relacionados ao setor de energia. Os textos passarão pela análise do time editorial da plataforma, que definirá sobre a possibilidade e data da publicação. 

As opiniões publicadas não refletem necessariamente a opinião da MegaWhat.

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