Um novo apagão tomou conta do Amapá desde a noite de ontem, 17 de novembro, quando a carga do estado ainda não tinha sido restabelecida desde o evento de 3 de novembro. Ainda não se sabe com certeza a razão do problema, mas a Eletronorte afirmou em nota que trata-se “provavelmente” de um problema na distribuição, cuja responsável é a estatal estadual Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA).
A energia foi recomposta ao longo da madrugada pela CEA, mas ainda não totalmente restabelecida.
Em nota, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirmou que o desligamento aconteceu às 20h31 de terça-feira, 17 de novembro, e disse que a CEA estava inspecionando as linhas e subestações para identificar a causa da ocorrência.
O transformador em funcionamento na subestação Macapá, de acordo com o operador, não apresentou problema, assim como a hidrelétrica Coaracy Nunes, que seguiu gerando normalmente.
O primeiro evento que causou um apagão generalizado no Amapá aconteceu em 3 de novembro, quando um dos transformadores da subestação Macapá pegou fogo, e acabou afetando o outro transformador também. Como o terceiro equipamento, que servia para reserva, estava fora de operação por problemas desde dezembro de 2019, o estado passou dias inteiros no escuro, até que um dos transformadores foi retomado e a carga foi gradualmente restabelecida, com a ajuda de geradores emergenciais contratados via Eletronorte.
A Eletronorte, contudo, não é responsável nem pela transmissão ou pela distribuição de energia no Amapá. A subestação que teve o problema inicial é uma concessão da Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), responsável pela linha de transmissão que interligou o estado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Inicialmente, a dona da LMTE era a espanhola Isolux, que passou a ter problemas financeiros severos quando sua controladora entrou em recuperação judicial na Espanha e pediu recuperação extrajudicial no Brasil.
Quem ficou com a LMTE foi a Gemini Energy, que tem como dono o fundo abutre Starboard, especializado em ativos em dificuldade financeira. A troca de controle se deu no início desse ano, pouco depois de quando o terceiro transformador, de reserva, apresentou problemas.
Já a distribuição, onde o problema se deu ontem, está sendo realizado de forma precária pela CEA, estatal estadual do Amapá, sem contrato de concessão desde 2016, quando a empresa foi classificada como uma distribuidora designada.
A companhia é monitorada por um grupo de trabalho da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas, com a ausência de um contrato de concessão, há a dificuldade em se cobrar investimentos e melhorias na qualidade do serviço. A empresa frequentemente ultrapassa os limites de perdas e de custos operacionais determinados pela agência, que não tem a ferramenta da cacudidade da concessão para incentivar a melhoria. A Aneel poderia aplicar multa ou suspender empréstimos para a empresa, mas como ela já acumula dívidas milionárias, essas medidas não foram tomadas até o momento, pois poderiam piorar a qualidade do serviço prestado à população.
A CEA é a única distribuidora do Norte ainda não privatizada. A Eletrobras privatizou todas as que estavam sob sua operação em 2018.