A aquisição da participação da BP nos campos de Wahoo, no bloco BM-C-30, e de Itaipu, no BM-C-32, ambos na Bacia de Campos, anunciada nesta quinta-feira, 19 de novembro, marcará a estreia da brasileira PetroRio como operadora na área do pré-sal, quando a transação for concluída. Embora os ativos ainda estejam em fase de exploração, o que difere do perfil da companhia, acostumada com áreas já em operação, a aquisição está em linha com a estratégia da empresa de formação de “clusters”, a partir do compartilhamento de infraestrutura.
Segundo Roberto Monteiro, presidente e diretor financeiro da PetroRio, o objetivo da petroleira é aproveitar as instalações no campo de Frade, na Bacia de Campos, onde a companhia é operadora, com 70% de participação, para os trabalhos previstos em Wahoo, localizado a apenas 35 km de Frade.
“Começamos a olhar isso como um processo de Frade, uma expansão de Frade”, disse Monteiro, à MegaWhat. Segundo ele, a sinergia com o campo de Frade reduz de forma significativa os investimentos e os custos de produção em Wahoo. De acordo com o executivo, o campo tem potencial para produzir cerca de 150 milhões de barris.
Com a aquisição, a PetroRio terá 35,7% e a operação do campo. Os demais sócios são a francesa Total (28,6%) e a indiana IBV (35,7%). Segundo Monteiro, a PetroRio tem interesse em aumentar sua participação no ativo, caso os parceiros coloquem suas fatias à venda. “Temos interesse. ‘M&A’ [sigla em inglês para fusão e aquisição] é o nosso DNA. Sabemos fazer isso. Estamos obviamente dispostos a analisar e conversas”, completou o executivo.
No campo de Itaipu, a PetroRio adquiriu a participação de 60% da BP. A Total tem os 40% remanescentes.
Com relação a Itaipu, a estratégia da PetroRio considerou a proximidade do campo com o Parque das Baleias, da Petrobras. “Ele [Itaipu] é vizinho do complexo de Parque das Baleias. A nossa leitura e o nosso entendimento até o momento é que isso deve ser unitizável com o Parque das Baleias”, afirmou Monteiro.
Financiamento
A compra dos dois campos, que ainda está sujeita a aprovações regulatórias e outras condições precedentes usuais, terá uma parcela fixa de US$ 100 milhões, divida em cinco pagamentos, além de um valor extra de US$ 40 milhões a título de compensação na unitização ou no primeiro óleo de Itaipu.
“Para a aquisição, os US$ 100 milhões cabem perfeitamente no nosso balanço, no nosso fluxo de caixa”, explicou o presidente da PetroRio.
Com relação ao desenvolvimento da produção, a petroleira estuda duas alternativas financeiras. A primeira seria por meio do mercado de dívidas. Nesse caso, as opções seriam a emissão de bonds (títulos de dívida), um reserve based lending (RBL) – quando as reservas do campo são dadas como garantia financeira –, e o pré-pagamento de exportação com tradings.
A outra alternativa é realizar um aumento de capital na companhia.
Questionado sobre novas possibilidades de aquisições no mercado, o executivo contou que a empresa permanece avaliando oportunidades. “Sempre estamos animados. Sempre tem coisas por perto. Olhamos muito sob essa ótica de aquisição inteligente, com captura de sinergia através de compartilhamento de infraestrutura”, completou.