Opinião da Comunidade

Ricardo Hayashi escreve: Medidores inteligentes reduzem perda de receita por tarifa branca

Ricardo Hayashi escreve: Medidores inteligentes reduzem perda de receita por tarifa branca

Por Ricardo Hayashi

A adoção da Tarifa Branca de energia, introduzida em 2018 pela Associação Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para tentar reduzir o consumo de energia em horários de pico, ainda tem baixa adesão no país. Desde que entrou em vigor até outubro/2019 havia 32.449 clientes cadastrados nessa modalidade. O número ainda está muito longe de atingir as 80 milhões de unidades consumidoras registradas no Brasil até o momento.

Apesar de a regra ter se estendido também aos consumidores de menor consumo no início de 2020, com patamar mínimo de 250KWh/mês, e ser válida tanto para residências como pequenos comércios e indústrias, o panorama não mudou.

Um dos principais desafios apontados por especialistas é o desconhecimento sobre o perfil diário de consumo, já que esse tipo de cobrança tarifária só seria vantajosa caso o consumidor priorizasse o uso da energia fora do período de ponta e intermediário – aqueles com maior demanda de energia na área de concessão, que pode variar de concessionária para concessionária.

Uma solução para esse impasse poderia ser a implantação de medidores inteligentes. Tal implementação requer, no entanto, que as concessionárias disponham de redes de alta conectividade, que, na prática, enviariam dados não somente de consumo, mas de interrupções e falhas no fornecimento de energia, evitando, assim, as perdas de receita ocasionadas por estas falhas.

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No entanto, e a despeito dos benefícios, as redes elétricas inteligentes ainda estão pouco difundidas no Brasil. Em 2012, a autoridade reguladora de eletricidade decretou que todos os novos consumidores residenciais e rurais deveriam receber um medidor inteligente de energia. Isso significaria mais de 65 milhões de medidores eletromecânicos substituídos. Mas, com a derrubada dessa obrigatoriedade, estima-se que apenas 27 milhões sejam trocados até 2030.

O agronegócio, considerado um dos poucos segmentos a crescer no país, mesmo em meio à pandemia, vem liderando essa adesão, principalmente por ser um dos setores que menos consumiu energia em 2019, apenas 4,8%, de acordo com um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Para as concessionárias, esse dado representa um filão pouco explorado. Se até pouco antes da crise, as necessidades de conectividade do campo eram restritas a demandas muito específicas, agora o agronegócio depende cada vez mais de uma rede disponível, simples, estável e inteligente que suporte a rápida evolução do setor.

O resultado de uma rede que não suporta a demanda exigida no setor rural é a perda de receita, já que um grande número de clientes continuaria recebendo fatura mínima ou média, visto que uma leitura precisa no campo esbarra, muitas vezes, na dificuldade de acesso até estes locais distantes e remotos.

Medidores digitais e softwares de gestão e monitoramento de consumo de energia já não são soluções destinadas só às cidades grandes. Ao obter dados em tempo real de redes rurais, é possível às concessionárias agirem rapidamente e de forma mais precisa mediante interrupções no fornecimento de energia.

Ricardo Hayashi é Product Owner da Atech

Cada vez mais ligada na Comunidade, a MegaWhat abriu um espaço para que especialistas publiquem artigos de opinião relacionados ao setor de energia. Os textos passarão pela análise do time editorial da plataforma, que definirá sobre a possibilidade e data da publicação. 

As opiniões publicadas não refletem necessariamente a opinião da MegaWhat.

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