Voltalia e Casa dos Ventos lançam comercializadoras próprias para apoiar seus negócios

Rodrigo Polito

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Rodrigo Polito

Publicado

26/Mai/2021 17:02 BRT

O aquecimento do mercado para contratos de longo prazo de fornecimento de energia de fontes renováveis e a entrada em vigor do preço horário estão motivando grupos com experiência em geração eólica e solar de larga escala a estruturarem comercializadoras próprias. O objetivo é que essas novas unidades de negócios aumentem a eficiência na captação de clientes e reduzam a volatilidade da produção de energia das fontes intermitentes.

O grupo francês Voltalia, por exemplo, está iniciando este ano as operações de seu braço de comercialização. “Vamos ter uma comercializadora para nos apoiar nos PPAs [sigla em inglês para contrato de longo prazo de fornecimento de energia]”, diz Robert Klein, presidente da Voltalia no Brasil.

Instalada no Brasil desde 2006, a companhia, junto com parceiros, já investiu R$ 5 bilhões no desenvolvimento de projetos de geração de energia renovável no país. “Desde 2019, todos os meses, temos turbinas entrando em operação”, o executivo. “As apostas que fizemos estão se concretizando aos poucos”.

A companhia aguarda a regulamentação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) do modelo de contratação de empreendimentos híbridos de geração. Segundo Klein, os empreendimentos híbridos diminuirão a exposição à volatilidade ao preço horário.

Em outra frente, o grupo francês, por meio da Helexia, empresa adquirida em 2019, venceu em janeiro deste ano leilão de geração de energia distribuída para prédios e lojas da Telefônica, controladora da Vivo. O projeto envolve 16 usinas fotovoltaicas, com capacidade de 60 megawatts (MW), fornecendo energia para 6.885 pontos de consumo, em Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Ceará.

E, na última semana, a francesa assinou a venda do complexo eólico Villas, de 186,7 MW para a Copel Geração e Transmissão. O valor total da transação foi de R$ 1,059 bilhão. A expectativa é que o negócio seja concluído no fim deste ano.

Casa dos Ventos

Outra companhia do setor que também aposta na estratégia da comercialização de energia é a Casa dos Ventos, geradora e desenvolvedora de projetos eólicos. Segundo o diretor de Novos Negócios da empresa, Lucas Araripe, a comercializadora permitirá reduzir o efeito da sazonalidade nos projetos eólicos.

O projeto da comercializadora do grupo começou a ser desenhado em 2019 e entrou em operação em janeiro deste ano. A ideia é que a unidade fortaleça a estratégia comercial da Casa dos Ventos como um todo, trabalhando tanto em trading (compra e venda) de energia como na captação de novos PPAs. Nesse caso, a comercializadora contribui para a negociação de contratos customizados para o cliente.

Na área de geração, o grupo espera iniciar a operação da primeira fase do complexo Rio do Vento, de 504 MW, no Rio Grande do Norte, no segundo semestre deste ano. A segunda etapa do complexo, com 534 MW, está prevista para dar a partida em 2023. Quando estiver em plena operação comercial, o complexo será um dos maiores do mundo, com capacidade instalada superior a 1 GW.

Dois contratos importantes envolvendo o complexo de Rio do Vento foram fechados este ano. Em janeiro, a companhia assinou contrato com a Braskem para o fornecimento de energia do complexo. A petroquímica terá a opção de adquirir uma participação no empreendimento, viabilizando o regime de autoprodução. E, em março, a empresa fechou contrato com a gigante energética BP, para o início de fornecimento de energia a partir de 2023, com duração de 15 anos.

Também para 2023 está previsto o início de operação do complexo Babilônia, de 360 MW, na Bahia.