BNEF estima aumento de 70% nas vendas globais de veículos elétricos até 2040

Jade Stoppa Pires

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Jade Stoppa Pires

Publicado

10/Jun/2021 16:21 BRT

As vendas globais de veículos elétricos devem saltar de 4%, em 2020, para 70%, em 2040. O dado é apresentado em estudo da BloombergNEF (BNEF), o Electric Vehicle Outlook (EVO), com uma perspectiva otimista para os veículos elétricos, avaliando as ações necessárias para que as emissões globais oriundas do transporte rodoviário se tornem compatíveis com a neutralidade de carbono até 2050.

Segundo o relatório, países como China, Estados Unidos e economias europeias estão à frente desses números, mas os níveis mais baixos de adoção em economias ditas como emergentes, acabam por reduzir a média global.

Colin McKerracher, chefe da equipe de Transporte Avançado da BNEF, afirmou que “o crescimento do transporte elétrico até aqui tem sido uma história de sucesso e o futuro do mercado de veículos elétricos é brilhante. Porém, ainda há mais de 1,2 bilhões de carros de combustão interna na estrada e a transição da frota é lenta. Alcançar a neutralidade de carbono até meados do século exigirá ‘todos os jogadores na área do pênalti’, particularmente no que tange aos caminhões e outros veículos comerciais pesados, segmentos em que a transição ainda não começou”.

No relatório deste ano, a BNEF adicionou um cenário de neutralidade de carbono para o setor de transporte rodoviário, no qual mostra que os carros de passageiros neutros em emissões de carbono, por exemplo, teriam que atingir quase 60% das vendas mundiais em seu segmento até 2030, não 34%, como no cenário de transição econômica.

“2030 está apenas a dois ciclos de atualização de modelos para as montadoras. Portanto, muito em breve, será necessário oferecer segurança em relação a políticas para viabilizar investimentos para alcançar uma taxa de penetração mais alta. Isto é particularmente verdadeiro para países que ainda não têm padrões mais restritos para emissões de CO2, ou para economia de combustível. A adoção antecipada é vital para a construção de infraestrutura e interesse mais amplo do consumidor”, acrescentou McKerracher.

Além disso, “os legisladores precisam tomar medidas urgentes no segmento de caminhões pesados, que está ‘fora da rota’ da neutralidade de carbono. Além de introduzir padrões mais restritos para emissões de CO2, ou para economia de combustível para caminhões, pode ser necessário que os governos considerem a implementação de decretos para a descarbonização de frotas. Além disso, os governos devem considerar incentivos para impulsionar o frete em caminhões menores, que podem fazer a transição para eletricidade mais rapidamente do que os maiores”, complementou Nikolas Soulpoulos, chefe da equipe de Transporte Comercial da BNEF.

De acordo com as estimativas do relatório, os veículos elétricos representam uma oportunidade de mercado global de US$ 7 trilhões até 2030, e de US$ 46 trilhões até 2050, sob o cenário de transição econômica. Entretanto, até 2040, a rede de recarga precisa chegar a mais de 309 milhões de carregadores em todos os locais. Segundo as projeções, para instalar todos estes carregadores, seriam necessários mais de US$ 58 bilhões em investimentos acumulados nas próximas duas décadas.

Embora estes números impliquem um aumento significativo em relação aos níveis atuais, a pesquisa confirma que ainda são modestos em comparação aos patamares de investimento em geração de energia renovável, que atingiram mais de US$ 300 bilhões apenas em 2020.

Pela projeção da BNEF, a eletricidade utilizada para carregar veículos elétricos na estrada adicionaria, no cenário de transição econômica, 9% à demanda global até 2040, sendo que a maior parte da demanda adicional por eletricidade em todo o mundo nas próximas décadas deverá ser atendida pela construção de capacidade adicional de energia renovável.

A demanda por baterias de íon de lítio para veículos elétricos também deve aumentar, afirma o relatório, de 269 GW/h em 2021 para 2,6 TW/h por ano até 2030, e 4,5 TW/h até 2035. Embora as projeções indiquem que a oferta de metais para baterias deve se manter adequada, serão necessários mais investimentos, tanto em mineração, quanto em refino.

Sob o cenário de neutralidade de carbono do relatório, todos os números acima teriam que ser sensivelmente maiores. No caso dos carregadores, seriam necessários US$ 939 bilhões em investimentos até 2040. Já a demanda por eletricidade significaria um aumento de 14% nos MW/h necessários até 2040, e de pouco mais de 25% até 2050. Para os próprios veículos elétricos, a oportunidade total de mercado chega a US$ 80 trilhões até 2050.

A reciclagem dos metais utilizados nas baterias, segundo o documento, é um fator crítico para viabilizar o cenário de neutralidade de carbono, pois com a reciclagem universal de baterias, a demanda primária por lítio permanecerá abaixo das reservas conhecidas.