Inter recomenda compra de ações da Equatorial, mas vê alavancagem como desafio

Natália Bezutti

Autor

Natália Bezutti

Publicado

14/Jan/2022 19:35 BRT

A Equatorial Energia ampliou sua base de ativos em 2022 com a aquisição de duas distribuidoras (CEEE-D e CEA) e uma geradora de energia elétrica (Echoenergia), além de uma empresa de saneamento básico. O aumento da base fez com que o Banco Inter elevasse para compra a recomendação das ações ordinárias (EQTL3) da companhia, com preço-alvo de R$ 28, o que representa um potencial de ganho de 24% ante o fechamento das ações no pregão de ontem, 13 de janeiro, de R$ 22,59.

“E acreditamos que o grupo continuará crescendo”, diz trecho do relatório. O grande desafio fica por conta da alavancagem sensivelmente maior, o que pode mudar a interpretação de risco.

“Acreditamos que a alavancagem terá um pico em 2022, devendo voltar a níveis históricos já em 2023, com a geração de caixa adicional fruto da implementação da cultura Equatorial”, diz outro trecho da avaliação, que ainda lembra o momento de alta de juros, o que pode inserir pressões baixistas nos papéis, e a alta da inflação.

Para a atribuição do preço-alvo, o banco acredita que a Equatorial utilizará o modelo de negócio empregado em outras concessões, visando a maximização de eficiência e geração de resultados, com foco no controle de custos e expansão.

Em 2012 o grupo detinha as distribuidoras do Maranhão e Pará, seus empreendimentos atualmente mais maduros. Em 2018 foram arrematadas as concessões de distribuição do Piauí e Alagoas, em leilão de privatização com lance único da Equatorial, e com a utilização do mesmo modelo de gestão, a empresa conseguiu gerar valor para as distribuidoras.

Com a aquisição da CEEE-D, apesar do alto valor de dívidas da concessão (R$ 4,1 bilhões), o relatório indica que existe oportunidade para o grupo Equatorial, principalmente por meio de um reperfilamento, trocando as dívidas atuais com altas taxas de juros por algo mais próximo às taxas praticadas pela Equatorial.

Outro ponto de oportunidade na aquisição da distribuidora é a de PMSO (Pessoal, Material, Serviço de Terceiro e outros) por consumidor, uma vez que a CEEE-D apresentava um nível de custos totais bem acima do regulatório, com a oportunidade de geração de valor com a aquisição.

Quanto às perdas totais da distribuidora, da ordem de 19%, bem acima dos 10% determinados pelo regulatório, o Inter projeta que a partir de 2025 esta perda convirja à regulatória, deixando, assim, de ser um redutor de caixa para a companhia.

No caso da dívida da CEA, também adquirida pela Equatorial em 2021, que soma um passivo da ordem de R$ 800 milhões, o banco avalia esse é um ponto que pode destravar valor, uma vez que com a garantia da empresa, a dívida pode ser alongada, empurrando os desembolsos para frente, e os juros cobrados devem ser menores.

Em termos de valor pago, a Echoenergia foi a maior aquisição realizada pela Equatorial. O valor total por 100% do controle é de quase R$ 9,6 bilhões, dos quais R$ 3 bilhões se referem a dívidas.

Apesar do valor do passivo, com boa parte da venda da energia das geradoras alocada no mercado regulado, há uma previsibilidade maior de retorno para a compradora. Já a parte alocada no mercado livre, mesmo previsível, pode ser uma oportunidade para a empresa ir além da própria geradora, devendo fomentar seu braço de comercialização e a tornando mais ativa no mercado, possibilitando a venda de seu portfólio sempre por um preço mais elevado.

“Entendemos que a compra é um movimento típico da Equatorial, estratégico e promissor. O mercado de fontes alternativas tem boas perspectivas de crescimento nos próximos anos e, em nossa opinião, as fontes eólicas e solares devem liderar este movimento, levando à diversificação da matriz e redução cada vez maior da dependência de chuvas”, aponta o relatório.