Raízen foca na produção de biogás para descarbonização do grupo

Poliana Souto

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Poliana Souto

Publicado

22/Set/2022 17:01 BRT

A Raízen tem ampliado sua articulação no mercado de energia renovável por meio da produção e comercialização do etanol. A empresa desenvolveu tecnologia própria para comercializar em escala industrial o etanol de segunda geração (E2G) e agora prevê a construção de mais 20 plantas da fonte até 2030.

O ativo é considerado uma peça fundamental nas metas de descarbonização do grupo e vem sendo estudado como possibilidade para transformação em biometano e consequente utilização nas frotas de caminhões e tratadores da companhia.

Dessa forma, a empresa espera descarbonizar a produção de etanol e reduzir o uso do diesel. “Acreditamos no biogás não só para gerar energia, que depende de leilão e de processos que não controlamos, mas no uso dele como biometano por nós”, disse Thales Drezza, diretor operacional de Agroindustrial da Raízen no Polo Araraquara.

A empresa iniciou a construção do Bioparque Bonfim, segundo bioparque da companhia, prevendo investimentos da ordem de R$ 1 bilhão, a usina deve entrar em operação até abril de 2023. A planta terá capacidade instalada de 21 MW, potencial para geração de 138 mil MW por ano, o suficiente para iluminar uma cidade com 240 mil habitantes.  A primeira planta de etanol 2G da Raízen foi instalada no Parque de Bioenergia da Costa Pinto, em Piracicaba, São Paulo, e iniciou sua operação na safra 2014-2015. Até 2024, a Raízen prevê a construção de mais dois bioparques de E2G dentro das instalações de Bioenergia Univalem e Barra, ambas situadas no estado de São Paulo.

Os quatro bioparques em operação devem gerar juntos aproximadamente 280 mil de m³ por ano, dos quais 80% já foram comercializados em contratos de longo prazo.

Segundo Thales Drezza, a tecnologia desenvolvida pela Raízen possibilitou uma economia circular no processo de produção, fazendo com que a cana-de-açúcar seja aproveitada integralmente, além de reduzir em 30% as emissões de carbono (CO2) e elevar a produção dos bioparques - sem aumentar a área de plantio.

“O Bioparque Bonfim será híbrido, ou seja, após a moagem da cana, o material é divido em dois, uma parte é convertida em vapor e gera energia elétrica. Já a outra parte passa pelo processo de produção do E2G (pré-tratamento, hidrólise, separação, evaporação, fermentação e destilaria), através do uso do bagaço e da palha da cana, tornando-se, no final do processo, etanol anidro ou hidratado. Além disso, após a moagem, a vinhaça e a torta de filtro, resultantes do tratamento da cana, são utilizadas para adubar o canavial de cana para o próximo ciclo de produção de cana, tornando o processo de economia circular sustentável”, explicou Drezza sobre o processo.

Para dar continuidade na produção de etanol de segunda geração, Thales Drezza afirma que ainda existe um processo de aprimoramento da tecnologia que é o maior gargalo enfrentado hoje pela Raízen.

“Aprimorar a tecnologia de hidrólise é nossa maior dificuldade. Os equipamentos são grandes e degradam bastante após serem expostos a uma temperatura aproximada de 40°C, necessária para a produção do etanol de segunda geração”, disse.

*Poliana Soutto viajou a convite da Raízen para a planta de Bonfim