Com altos preços e demora em renováveis, Itália aprova lei de incentivo a nucleares

Poliana Souto

Autor

Poliana Souto

Publicado

10/Mai/2023 20:02 BRT

A Câmara dos Deputados da Itália aprovou uma moção que autoriza a “reabertura” do país para a geração nuclear de energia, fonte que poderá ser considerada renovável e contribuir com as metas de carbono zero líquido do país até 2050. 

Segundo a moção, a energia nuclear tem um impacto ambiental muito baixo e, por isso, é vista como uma fonte renovável, na taxonomia europeia, contribuindo para a redução das emissões de dióxido de carbono.  

Os congressistas italianos alegam que, além de ajudar na meta de descarbonização, a fonte é uma alternativa para baratear a tarifa de energia no país. Além disso, a opção energética foi vista como uma solução de curto prazo para o setor elétrico italiano, enquanto não ocorre a implementação de usinas solares e eólicas.  

“Consideramos as curvas de radiação solar e de vento no país significativamente menores em relação a outros países europeus. Nos próximos 30 anos, precisamos instalar de 350 a 600 GW de centrais fotovoltaicas, ante os 25 GW atuais, e 50 GW de eólicas onshore e offshore, atualmente em 11,8 GW. Temos uma demanda para atender no curto prazo”, afirmou a relatora do processo, Daniela Ruffino. 

De acordo com a moção, o governo italiano deve avaliar quais são os territórios fora do país para produção de energia nuclear que possam ajudar a atender a demanda doméstica. A intenção é que a iniciativa ajude a promover parcerias internacionais.   

A fonte nuclear tinha sido banida da Itália em 1990, com o fechamento das usinas existentes, após um referendo realizado em 1987, motivado pelo desastre nuclear de Chernobyl.

Nucleares dividem Europa 

Em fevereiro, 11 estados-membros da União Europeia concordaram em promover uma cooperação mais estreita entre seus setores nucleares, a fim de garantir o abastecimento das regiões e explorar programas conjuntos de treinamento e projetos industriais. 

Fazem parte da aliança europeia: Bulgária, Croácia, França, Hungria, Finlândia, Holanda, Polônia, República Checa, Romênia, Eslováquia e Eslovênia.

Atualmente, a França é o país europeu com maior número de centrais de energia nuclear, e está prestes a aprovar uma lei para acelerar a construção de novos reatores.