Universalização do acesso à energia desacelera nos últimos três anos, afirma relatório

Poliana Souto

Autor

Poliana Souto

Publicado

07/Jun/2023 12:23 BRT

Perspectivas macroeconômicas incertas, inflação em alta, preços de energia e o sobreendividamento estão mantendo o mundo fora do caminho para atingir o acesso universal a eletricidade do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7, estabelecido pelas Nações Unidas, até 2030, aponta novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA na sigla em inglês), em parceria com a Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, em inglês), com a Divisão de Estatística das Nações Unidas (UNSD), e com a Organização mundiais da Saúde (OMS).

O ODS 7 visa alcançar o acesso universal à eletricidade, por meio do aumento dos níveis de eficiência energética e da participação das fontes renováveis. Segundo o relatório, apesar da expansão das renováveis nos últimos anos, as perceptivas atuais devem afetar negativamente os esforços de universalização de energia, o que deve atrasar a meta estipulada no objetivo de desenvolvimento sustentável  7.

O acesso à eletricidade saltou de 84% em 2010 para 91% em 2021, mas desacelerou nos últimos três anos.  Conforme o OMS, cerca de 3,2 milhões de pessoas sofrem de doenças causadas pelo uso de combustíveis e tecnologias poluentes em atividades diárias, que aumentam a exposição a níveis tóxicos por meio do ar. Atualmente, 2,3 bilhões de pessoas usam combustíveis fósseis para cozinhar. 

As entidades destacaram que a crise global de energia pode ajudar a aumentar a implantação de energias renováveis e melhorar a eficiência energética, ajudando a alcançar a meta do ODS7. No entanto, a Irena aponta que os fluxos financeiros internacionais em apoio às fontes limpas em países de baixa e média renda vêm diminuindo desde antes da pandemia de covid-19, fazendo-se necessária uma reformulação do financiamento público para ajudar essas regiões.

Em 2021, 19 países receberam 80% dos US$ 10,8 bilhões disponibilizados por países desenvolvidos para incentivar as fontes renováveis, queda de 35% em relação ao ano anterior. 

“A energia renovável de custo competitivo demonstrou, mais uma vez, uma resiliência notável, mas os mais pobres do mundo ainda não conseguem se beneficiar dela. Para realizar o ODS 7 sem comprometer as metas climáticas, devemos provocar uma mudança sistêmica na estrutura da cooperação internacional. É crucial que as instituições financeiras multilaterais direcionem os fluxos financeiros de maneira mais equitativa em todo o mundo para apoiar a implantação de energias renováveis e o desenvolvimento de infraestrutura física”, afirma Francesco La Camera, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Renovável.