O leilão de transmissão que acontece amanhã, 19 de dezembro, será menor em termos de investimentos contratados em relação aos certames dos últimos anos. A competição, contudo, deve continuar intensa. Segundo especialistas ouvidos pela MegaWhat, como serão lotes menores, empreendedores médios não tradicionais do setor terão chance de entrar na disputa.
No total, serão serão oferecidos 12 lotes, que envolvem investimentos da ordem de R$ 4,18 bilhões e a construção de 2.470 quilômetros de linhas de transmissão.
O principal motivo para a expectativa de grande interesse por parte dos investidores é o baixo patamar das taxas de juros do país, que tornam a transmissão de energia uma “renda fixa” mais atrativa.
“O leilão deve ser competitivo, ainda mais considerando a nova realidade de juros, que afeta financiamentos e retornos”, disse Luiz Barroso, presidente da PSR Energy. Ele lembrou que o Banco Central cortou a Selic (taxa básica de juros) para 4,5% ao ano na semana passada, reforçando esse cenário.
Segundo Alexandre Viana, sócio e diretor da consultoria Thymos Energia, vários investidores têm se movimentado para ativos de infraestrutura, incluindo transmissão de energia, por conta desse cenário de juros mais baixos.
“A chance de novos entrantes não é pequena, pois os investimentos aparecem como uma alternativa à renda fixa tradicional”, explicou Daniel O’Czerny, diretor de projetos e infraestrutura do Citi. “Como transmissão é a ‘renda fixa’ da energia, temos uma chance de ver players que são do setor financeiro ou industriais que tenham algum pé no setor entrando no leilão”, disse.
Operadores consolidados de transmissão, como as utilities Taesa, Cteep, Neoenergia, Engie e Sterlite, são presenças aguardadas no leilão. “Mas a taxa de retorno vai ser comprimida, então muitos dos players tradicionais devem parar pelo caminho”, opinou O’Czerny.
Esse será o único leilão de transmissão deste ano. Desde 2016, foram feitos certames bilionários, envolvendo grandes ativos e muitos competidores, devido aos gargalos no escoamento de energia no país. Esse cenário, contudo, se estabilizou, e a tendência é que daqui para a frente os leilões sejam menores, ainda que disputados.
Os 12 lotes que serão oferecidos incluem 17 linhas de transmissão e 17 subestações localizadas em 12 estados: Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Vencerão aqueles que ofertarem maior deságio em relação à receita anual permitida (RAP) máxima estabelecida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para cada lote. O valor total máximo a ser pago aos empreendedores é de cerca de R$ 713 milhões. Durante a vigência dos contratos, de 30 anos, a RAP máxima pode chegar a R$ 18 bilhões.
Confira o resultado do leilão amanhã na página da MegaWhat.