O colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deu a aprovação que faltava para que o Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE) possa atuar como administradora de mercado de balcão organizado, com autorização para emissão de derivativos de energia.
“Passamos a integrar esse clube seleto, que não é bem um clube porque até então só tinha a B3”, disse Carlos Ratto, presidente do BBCE. Em julho, a plataforma de negociação de derivativos, que já foi auditava previamente pela CVM, deve ser lançada para testes. “Nossa expectativa é lançar para valer em agosto”, disse Ratto.
Depois do lançamento dos derivativos, o BBCE pretende lançar novos produtos. “O mundo de energia é nosso foco, temos muita oportunidade para explorar, mas pretendemos fazer aos poucos”, disse.
Paralelamente, o BBCE vai lançar ações educativas para o mercado, a fim de explicar o funcionamento dos contratos de derivativos e também como vai atuar a área de supervisão e monitoramento de mercado. “A disseminação de informação é crucial para o crescimento do negócio no nível que buscamos no plano de negócios”, disse Daniel Rossi, presidente do conselho do BBCE.
Em cumprimento às exigências da CVM, o BBCE criou um comitê de supervisão e monitoramento de mercado composto por membros externos e independentes, que terá a atribuição de avaliar, educar e monitorar o mercado, com a prerrogativa de aplicar penalidades, se necessário.
A expectativa dos executivos é que o volume negociado na plataforma suba consideravelmente ainda neste ano, com a entrada de novos players do mercado financeiro. Segundo Rossi, hoje, para fazer uma aposta direcional ou contratar um hedge no mercado de energia, é necessário atuar por meio de uma comercializadora ou fundo existente. “Vamos entregar o instrumento correto para isso”, disse.
Num primeiro momento, os agentes do mercado físico do BBCE devem aproveitar para migrar para a plataforma de derivativos, “trânsito natural” de acordo com os executivos. O mercado financeiro também deve começar a entrar nesse começo, por meio de agentes como gestoras, corretoras, fundos e bancos.
Segundo Ratto, o BBCE já recebeu muitas consultas de bancos interessados em operar os contratos, uma vez que este pode ser mais um ativo nas suas carteiras.
“Acreditamos que com a conjunção de fatores dessa nova commodiy com a situação do juros real vai fazer com que a procura pela plataforma seja grande”, disse Rossi.
A aprovação pela CVM é histórica por ser a primeira do tipo desde 2007, quando a atuação da Cetip foi regulamentada pela instrução 461, publicada naquele ano. “Estamos caminhando no mercado de energia, temos desafio grande no curto prazo que é firmar o pé”, disse Ratto.
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