Depois de participar, sem sucesso, do leilão de transmissão de junho, a Auren Energia continua em busca de oportunidades de crescimento inorgânico, desde que as taxas de retorno sejam compatíveis com o esperado pela companhia.
“Continuamos observando o setor de transmissão, em algum momento poderemos fazer alguma transação, mas também continuamos olhando muito geração renovável”, disse Fábio Zanfelice, presidente da companhia, durante teleconferência sobre os resultados da Auren no segundo trimestre do ano.
A companhia está explorando oportunidades “mais óbvias” e também “não tão obvias assim” em aquisições no mercado. Em paralelo, continua com sua estratégia de crescimento orgânico, com projetos greenfield de geração renovável. “O cenário pode não parecer favorável, mas será revertido em algum momento, temos tempo para isso”, disse, se referindo à novos contratos de venda de energia renovável no mercado.
A Auren está ainda de olho no leilão de reserva de capacidade previsto para 2024, devido à expectativa de que ele seja neutro em tecnologia e permita a contratação de hidrelétricas. Segundo Priscila Lino, diretora Regulatória da companhia, se a mudança esperada se concretizar, a empresa poderá viabilizar investimentos na ampliação de suas hidrelétricas, além de investir em novas tecnologias.
É o caso da hidrelétrica de Porto Primavera, que tem espaço de ampliação em quatro máquinas adicionais, aumentando a potência instalada de 1.540 MW para 1.980 MW. Zanfelice afirmou que a empresa está conversando com fornecedores de equipamentos, para estar preparada caso a Aneel autorize a fonte hidrelétrica no leilão de reserva de capacidade.
Resultado
A Auren Energia teve lucro líquido de R$ 182,9 milhões no segundo trimestre de 2023, depois de um prejuízo de R$ 2 milhões obtido no mesmo período do ano passado. O desempenho refletiu alguns fatores como a melhora do resultado financeiro da companhia, por conta da indenização da hidrelétrica de Três Irmãos.
A receita líquida da companhia subiu 6,7%, a R$ 1,44 bilhão. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado caiu 0,5%, a R$ 436,1 milhões, por efeitos contábeis da reversão de provisões para litígios e a exclusão dos efeitos da marcação a mercado dos contratos futuros de compra e venda de energia.
O crescimento da receita refletiu, principalmente, o maior volume de energia negociado no período e a melhor margem nas operações do período, o que compensou os preços médios menores da energia e aumentou sua receita de comercialização em 8,5%, a R$ 1,037 bilhão.
Houve ainda redução de 0,7% nos custos com compra de energia, a R$ 822,6 milhões, o que foi possível em parte por conta do encerramento de contratos de compra de energia hidrelétrica para cobertura da exposição do segmento de geração da companhia.
A dívida líquida da companhia, por sua vez, caiu 79,7%, a R$ 456,1 milhões, o que fez com que a relação entre dívida líquida e Ebitda da companhia recuasse de 1,8 vez para 0,3 vez.
Isso foi possível por conta da atualização monetária mensal do saldo a receber da indenização da hidrelétrica Três Irmãos. Com isso, o resultado financeiro da companhia foi um saldo negativo de R$ 24,5 milhões, inferior ao resultado financeiro negativo de R$ 187,5 milhões no segundo trimestre do ano passado.
Dividendos
A contabilização da indenização de Três Irmãos e a geração de caixa operacional colocaram a Auren em posição confortável no trimestre, quando teve fluxo de caixa livre de R$ 2,9 bilhões, montante 1.558,2% superior ao caixa do mesmo período do ano passado, que era de R$ 173,8 milhões.
Segundo Zanfelice, a companhia avalia alterar sua política de distribuição de dividendos, mas ainda prevê distribuir R$ 1,5 bilhão em proventos aos acionistas no terceiro trimestre do ano.
Se a Auren não encontrar oportunidades de crescimento por meio de aquisições ou leilões, poderá discutir aumentar o lucro distribuído aos acionistas.
“Se não tivermos sucesso no crescimento inorgânico, a discussão vai acontecer. Temos um período de tempo pra testar e fazer a discussão com base na nossa experiência”, disse Zanfelice.