A JBS, empresa de alimentos que também produz biodiesel a partir de resíduos da produção de bovinos, suínos e aves e óleo de cozinha usado, estuda o uso de biodiesel a 100% no abastecimento de sua frota de caminhões. Segundo a empresa, após seis meses, “testes periódicos de percepção com os motoristas” indicaram performance equivalente ao diesel fóssil comum.
“Estamos otimistas em relação ao uso do biodiesel 100% como uma alternativa segura e de alta qualidade para o uso nos caminhões em larga escala”, disse em nota o diretor da JBS Transportadora, Armando Volpe.
Como foi feito o teste da JBS
Na primeira etapa dos testes para uso de biodiesel a 100% em sua frota, um caminhão DAF 530, da montadora holandesa DAF, foi utilizado na rota entre o município de Lins e o porto de Santos, ambos no estado de São Paulo.
Segundo a empresa, após seis meses de operação, o caminhão percorreu 59,9 mil quilômetros e transportou 3,2 mil toneladas de produtos, com consumo de 35 mil litros de biodiesel. “Durante essa fase, os testes periódicos de percepção com os motoristas indicaram performance e desempenho positivos no veículo movido a biodiesel”, diz nota da empresa, que não respondeu a MegaWhat se outros testes foram realizados além dos de “percepção” com motoristas.
Após os testes, a JBS concluiu que o veículo abastecido com biodiesel 100% teve “rendimento equivalente ao diesel e emissão de até 80% menos gás carbônico”. Além disso, na avaliação da empresa, o teste demonstrou que o uso do biodiesel a 100% é compatível com a tecnologia já existente de motores da indústria automobilística.
Apesar de esta ter sido a primeira fase de testes do projeto para uso de biodiesel a 100% nos caminhões, a JBS não detalhou quando outras etapas devem acontecer.
Perda de potência dos motores
“Os testes mostraram que o biodiesel 100% tem impacto positivo na performance, desempenho e na preservação de itens importantes do caminhão, como o motor”, disse em nota Armando Volpe.
Os resultados apontados pela empresa vão na contramão do que dizem associações de transporte, que apontam que o uso de biodiesel em gradações elevadas pode ter impactos negativos sobre os veículos e prejudicar a potência dos motores.
“Um estudo inédito da Universidade de Brasília (UnB) mostrou que o aumento no percentual de biodiesel a partir de 7% eleva a emissão de CO2 e diminui a potência dos motores, o que gera, por consequência, mais consumo de diesel e impacta a necessidade de maior importação desse combustível, comprometendo a segurança energética nacional”, diz nota da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgada em dezembro de 2023 e que continua válida, segundo confirmou a CNT à MegaWhat.
Segundo a CNT, os danos mecânicos não são observados no uso de óleo vegetal hidrotratado, também conhecido como diesel verde e HVO. Atualmente, no Brasil, a mistura de biodiesel no diesel está a 12%, e deve passar para 14% a partir de março de 2024.