Com um modelo de negócio voltado principalmente ao setor açucareiro, a Tereos pretende aumentar sua participação no setor elétrico por meio da comercialização de energia destinada ao mercado livre e da eletromobilidade. O objetivo da companhia é iniciar, ainda neste ano, sua atuação no segmento de eletromobilidade por meio da instalação de eletropostos em diversas regiões do país, principalmente em São Paulo, onde há a maior concentração de carros elétricos.
“Essa é a iniciativa mais nova que trouxemos para setor de energia. Vamos participar desse mercado de carros elétricos por meio do fornecimento de energia com nossos parceiros, sejam eles do varejo, da indústria ou até do próprio setor de carros elétricos. Estamos construindo parcerias para fazer um modelo de negócio destinado ao consumidor de carros elétrico”, disse Gustavo Segantini, diretor Comercial, durante coletiva com jornalistas em visita à planta de biogás na unidade Cruz Alta, em Olímpia, São Paulo.
Hoje, a Tereos gera energia para suas fábricas, além de comercializar 1.200 GWh por ano de energia excedente, dos quais, 73% são destinados ao mercado regulado e 27% ao livre, por meio de parceria com a Lemon Energia. A companhia usa sua principal matéria-prima, a cana-de-açúcar, para produção biogás e energia e pretende ampliar sua participação no setor varejista com a abertura do mercado livre de energia para a alta tensão, em janeiro de 2024.
Segundo Samuel Custódio, gerente de Comercialização de Energia, a empresa está em processo de habilitação para atuar no mercado livre de energia e aguarda a formalização da documentação pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) até o próximo mês, para iniciar prospecção de consumidores. Custódio afirmou que cerca de 120 GWh por ano serão destinados para atender 250 consumidores do mercado varejista, que devem fazer parte do portfólio de cliente da empresa até o ano que vem.
“Agora vamos aguardar a formalização da CCEE e prospectar esses consumidores para dar suporte em relação à documentação, visando iniciar a comercialização em janeiro de 2024. Temos clientes do varejo e da indústria, então temos essa vantagem somada ao fato de termos consumidores que compram açúcar e energia conosco. Acreditamos que essa meta de 250 é factível”, afirmou Segantini.
Safra 23/24
A Tereos prevê um crescimento de 9,8% no volume de moagem de cana-de-açúcar para a safra 2023/2024, iniciada em abril, saindo de 17,3 milhões de toneladas para 19 milhões de toneladas. O novo ciclo será focado na recuperação produtiva e eficiência dos canaviais após os desafios climáticos enfrentados no Centro-Sul entre 2021/2022.
Segundo Segantini, a previsão de consolidação do El Niño, não deve impactar na safra da companhia, que está antecipando a moagem. O fenômeno tem como principal característica o aquecimento ou resfriamento da porção central e equatorial das águas do Oceano Pacífico, resultando em chuvas mais intensas na região Sul e altas temperaturas no Nordeste do Brasil,
“Hoje já temos uma projeção de moagem de 19 milhões de toneladas, em um prazo que o El Niño não atrapalhe esse processo. Então, temos uma eficiência de moagem muito forte. Estamos acelerando a moagem para que a gente não precise depender de se haverá El Niño ou não, onde as chuvas são mais fortes no final de outubro e no começo de novembro”, afirmou o diretor Comercial.
O mix de produção continuará mais açucareiro, com destinação de 65% da moagem para produção do adoçante. Para o período, a empresa projeta a produção de 1,7 milhão de toneladas de açúcar e 575 milhões de litros de etanol.
Durante esta safra, a Tereos também se prepara para garantir a maturidade da sua planta de biogás na unidade Cruz Alta. Inaugurada no ciclo passado, a usina ainda opera em escala piloto e passa por operações de testes em campo para substituir o diesel de máquinas e de equipamentos pelo biometano, mas ainda não há previsão para início de operação comercial.
Para substituir o combustível fóssil pelo gás renovável, a companhia decidiu investir na usina para aumentar de seis para dez lagoas de biometano na unidade, com uma capacidade de produção é de 1,6 milhão de Nm3/ano.
* A Jornalista viajou a convite da Tereos para a planta de Cruz Alta.
*Matéria atualizada em 29 de maio, às 12h19, para ajuste.
