Biomassa

Brasil pode antecipar net zero com a mistura de combustíveis, aponta CEO da Cosan

Com uma grande quantidade de combustíveis “drop-in” (que não necessitam de adaptação nas máquinas para uso), como etanol e biodiesel, que já estão maduros, o Brasil deve apostar numa transição energética que aproveite a infraestrutura já existente, em vez de “copiar o que está acontecendo no resto do mundo”. A opinião é do CEO da Cosan, Luiz Henrique Guimarães, que participou do evento “Caminhos para Transição Energética Justa no Brasil”, organizado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Brasil pode antecipar net zero com a mistura de combustíveis, aponta CEO da Cosan

Com uma grande quantidade de combustíveis “drop-in” (que não necessitam de adaptação nas máquinas para uso), como etanol e biodiesel, que já estão maduros, o Brasil deve apostar numa transição energética que aproveite a infraestrutura já existente, em vez de “copiar o que está acontecendo no resto do mundo”. A opinião é do CEO da Cosan, Luiz Henrique Guimarães, que participou do evento “Caminhos para Transição Energética Justa no Brasil”, organizado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).  

O executivo reconhece, no entanto, que o biometano precisaria ter seu desenvolvimento incentivado, mas que esta opção seria mais interessante para o país do que trocar toda a rede já existente de distribuição de combustíveis e gás natural por infraestrutura para veículos elétricos.

“Nosso caminho é de mistura, aumentando o percentual de biometano. Se formos nesta direção, vamos chegar muito antes ao net zero, em vez de tentar recriar uma indústria que a gente não tem”, avaliou.  

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Segundo Guimarães, o Brasil possui dois ‘pré-sais’: o do litoral e o do interior, onde há capacidade de geração de biometano através da vinhaça, dos grandes aterros sanitários e da pecuária.

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Por meio da joint-venture Raízen, a Cosan já tem participação em duas usinas de biometano. A primeira está localizada em Guariba (SP) e usa resíduos agrícolas para gerar biogás aplicado na produção de energia elétrica. Esta usina tem capacidade instalada de 21 MW.  

Em 2022, a Raízen anunciou a construção de sua segunda usina de biogás, anexa ao Bioparque Costa Pinto, em Piracicaba (SP), e que vai utilizar resíduos da produção de etanol da própria Raízen para a produção de biogás. A capacidade planejada é de 26 milhões de m³ de biometano por ano e a usina já tem autorização para injetar a produção na rede de distribuição de gás canalizado.  

“O pulo final é usar o biogás para substituir o diesel nas colheitadeiras, caminhões e plantadoras. A única pegada de carbono que tem hoje no etanol é o diesel usado para movimentar o processo produtivo. Se substituir pelo biogás que é produzido na mesma usina, você tem neutralidade de carbono na produção de açúcar e etanol, o que vai ter enorme valor no Brasil e fora do Brasil”, avaliou Luiz Henrique Guimarães durante o evento.  

Exportação de biomassa  

No painel, o CEO da Cosan avaliou que a transição energética e a descarbonização são uma grande oportunidade para o país, mas é preciso agir rápido diante de movimento de outras regiões, como o Green Deal europeu e o IRA norte-americano.  

Ele avalia que o país deve exportar sua energia “renovável e competitiva” por meio de produtos, e deu como exemplo a própria Raízen. “Por meio do etanol de segunda geração, estamos exportando biomassa brasileira para os Estados Unidos e Europa descarbonizarem suas cadeias. A biomassa em si não é exportável como etanol”.  

O etanol de segunda geração tem composição molecular idêntica à do etanol tradicional, mas é produzido a partir de resíduos da cana-de-açúcar, após o primeiro uso para geração de açúcar ou etanol de primeira geração (vinhaça). 

Em mercados como a Europa, que já editou medidas e sanções para descarbonizar sua cadeia produtiva, o etanol de segunda geração recebe prêmio por ser renovável e por ser produzido a partir de resíduos que não competem com a produção de alimentos.

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