Combustíveis

Brasil ampliará condição de importador líquido de derivados até 2031, aponta PDE

Brasília – Postos de combustíveis ajustam os preços e repassam para o consumidor o aumento da alíquota do PIS e Cofins pelo litro da gasolina(Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Brasília – Postos de combustíveis ajustam os preços e repassam para o consumidor o aumento da alíquota do PIS e Cofins pelo litro da gasolina(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Brasil vai se consolidar como exportador de petróleo nos próximos 10 anos, mas vai se manter importador líquido de derivados no período, o que pode exigir investimentos na ampliação da capacidade de refino do país e na expansão e melhoria da eficiência operacional da infraestrutura logística.

A conclusão é do caderno de oferta de derivados de petróleo do Plano de Desenvolvimento Energético (PDE) 2031, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Segundo o documento, a produção nacional de petróleo deve chegar em 5,2 milhões de barris por dia em 2031, ano em que o barril do Brent é estimado em US$ 71. As projeções também consideram o aumento médio, entre 2019 e 2031, na demanda de derivados como GLP (1,4% ao ano), óleo diesel (2,3% ao ano) e óleo combustível (4,1% ao ano). Já a demanda de gasolina A deve cair em média 0,2% ao ano no período, enquanto a demanda de nafta deve ter retração média de 1,2% ao ano.

O PDE 2031 aponta que, em 2031, o Brasil vai exportar cerca de dois terços da sua produção, chegando a 3,41 milhões de barris por dia, enquanto a capacidade de processamento das refinarias vai ter um leve aumento de 0,8% ao ano entre 2019 e 2031, chegando a 1,93 milhão de barris por dia. 

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O pequeno incremento previsto em comparação com a capacidade de refino de 1,75 milhão de barris por dia da média dos últimos cinco anos vai levar o fator de utilização das refinarias brasileiras de 75% para 82% em 2031.

Com o aumento gradativo do fator de utilização das refinarias ao longo do período, deve haver um leve aumento da oferta nacional dos principais derivados, com destaque para o GLP, que deve ter alta de 4,6% ao ano entre 2019 e 2031, para 46,5 mil m³/dia, a gasolina A, com alta de 0,9% em média, para 76,9 mil m³/dia, e o óleo diesel A, com alta de 0,6% em média, para 120,3 mil m³/dia. 

Considerando essa capacidade de refino e a demanda projetada, o PDE 2031 indica que o déficit de derivados deve crescer ao longo dos próximos 10 anos. O déficit de óleo diesel seguirá como o amis representativo, saindo de 35,5 mil m³/dia em 2019 para 71 mil m³/dia em 2031. A gasolina, por sua vez, vai sair do déficit de 5,1 mil m³/dia para um superávit de 2,2 mil m³/dia.

No caso da gasolina, a produção deve ser mantida ao longo do decênio, mas a expectativa de maior penetração do etanol hidratado na demanda de combustíveis do ciclo Otto é que reforça essa possibilidade de que o país se torne exportador líquido em 2031.

A produção de GLP deve ter crescimento mais acelerado no período, de 4,6% em média ao ano, do que a demanda nacional, projetada pra avançar 1,4% ao ao, o que vai reduzir paulatinamente a importação do produto. Na segunda metade da década, a EPE estima que haverá superávit e o país começará a ser exportador líquido de GLP. 

A condição de importador de óleo diesel vai se ampliar apesar da maior utilização das refinarias e dos investimentos previstos em hidrotratamento. Segundo a EPE, o aumento da produção será “tímido” por conta da troca gradual da produção de S500 por S10, o que representa desafio para a operação das refinarias nacionais, devido ao atendimento dessas especificações.

Considerando as projeções do PDE para importações de derivados, alguns oleodutos de transporte poderão atingir a saturação ou ficar próximos das capacidades máximas, como o Oleoduto Araucária/PR-Biguaçu/C e o Oleoduto São Paulo/SP – Brasília/DF.

Por isso, será necessário melhorar a eficiência operacional dos processos logísticos e investir em infraestrutura logística para evitar desabastecimentos regionais. 

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