Estratégia comercial de preços vai maximizar vantagens competitivas da Petrobras, diz Jean Paul Prates

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Camila Maia
Natália Bezutti
Camila Maia e Natália Bezutti

Publicado

16/Mai/2023 15:07 BRT

A nova estratégia comercial de preços da Petrobras rompe com a obrigação de cumprir a paridade de preços internacionais (PPI), mas não vai deixar de considerá-los como uma referência na precificação dos combustíveis. Segundo Jean Paul Prates, presidente da estatal, o modelo não reflete interferência do governo, mas sim um ajuste para maximizar as vantagens competitivas da companhia no Brasil, a fim de garantir sua rentabilidade e também a fatia de mercado.

"Isso significa que evidentemente quando o mercado lá fora estiver aquecido, com petróleo e derivados com preços consolidadamente mais altos, isso será refletido no Brasil. Abrasileirar os preços significa levar em conta nossas vantagens, sem tirar as referências internacionais", disse Prates, em pronunciamento depois de uma reunião com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre o anúncio da estratégia de preços feito nesta manhã.

Prates garantiu que a Petrobras não deixará a rentabilidade de lado, e também assegurou que não haverá interferência do governo na estratégia, que foi aprovada pela diretoria executiva, sem necessidade de aprovação pelo conselho de administração. A diferença é que a estatal poderá ser mais agressiva na competição, praticando preços melhores para conseguir mercado, a despeito dos importadores que precisam repassar os preços de importação aos clientes.

Novos preços

A nova estratégia já teve reflexos em um anúncio feito hoje a respeito de novos preços praticados a partir de amanhã, 17 de maio: o diesel terá redução de R$ 0,44 por litro, em média, saindo de R$ 3,46 para R$ 3,02 por litro, e a gasolina terá redução de R$ 0,40 por litro, saindo de R$ 3,18 para R$ 2,78 por litro.

Considerando a mistura obrigatória de 12% de biodiesel no diesel A, a parcela da Petrobras na bomba será de, em média, R$ 2,69. Com isso, a companhia estima que o preço médio final ao consumidor pode ser de R$ 5,18 por diesel S10, ante a média de R$ 5,57 o litro. 

No caso da gasolina, considerando a mistura de 27% de etanol anidro, a parcela da Petrobras serpa de, em média, R$ 2,03 a cada litro na bomba. Considerando a estimativa de que o preço está em R$ 5,79, em média, a estatal estima uma queda para R$ 5,20 na bomba.

A Petrobras reduziu ainda o preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), que terá redução de R$ 8,87 por botijão de 13 kg, ou 21,3% do total, chegando a um preço médio sperado de R$ 99,87 o botijão, abaixo de R$ 100 pela primeira vez desde outubro de 2021.

Os preços de venda da Petrobras aos distribuidores de combustíveis são médios, pois vão depender da localização e das condições de mercado em cada região, seguindo a nova estratégia, que busca ganhar market share.

"Teremos a melhor alternativa de preços em cada ponto de venda, em cada lugar que a Petrobras vende, cada porta de refinaria ou terminal. Isso preserva o resultado econômico ótimo, porque não vamos descer abaixo da rentabilidade. Vou fazer o melhor preço dentro da minha possibilidade de produtor brasileiro", disse Prates.

Segundo o presidente da Petrobras, a política de abastecimento de combustíveis do Brasil não é assunto da companhia, e sim do governo brasileiro, por envolver diversos outros agentes. "Aqui, se trata de uma estratégia comercial como de qualquer outra empresa, com a sensibilidade de uma empresa que tem o governo como acionista majoritário", disse. 

Volatilidade e previsibilidade

Questionado sobre previsibilidade nos preços, Prates rebateu que hoje não se tem uma fórmula única para o etanol ou o biodiesel, que dependem de questões como safra e condições do mercado. "Teremos transparência total", garantiu Prates, completando que o que a empresa garante, com a nova estratégia, é que não haverá repasse da volatilidade aos consumidores.

Entre as questões que vão afetar os preços praticados estão a qualidade de crédito da contraparte, o ponto de entrega do combustível, e o volume de combustível adquirido. 

O ministro Alexandre Silveira, que também participou do anúncio, destacou que a mudança vai permitir que a empresa se libere das "amarras" do PPI, acabando com a obrigação de repassar ao consumidor uma volatilidade que era cumprida "de forma prejudicial à empresa". 

"O PPI criado em 2017 era uma abstração, mentira, um crime contra o povo. Impunha uma algema, uma mordaça a uma política de competitividade interna dos preços de combustíveis internos no Brasil", disse Silveira. 

Segundo o ministro, o governo entende a necessidade de manter segurança jurídica e regulatória, com respeito aos contratos. "Mas isso não o impede de perseguir preços mais competitivos no combustível e também na energia elétrica com criatividade, inteligência, planejamento e muita inteligência para os brasileiros que precisam da mão firme do estado para criar emprego e renda", disse Silveira, ao participar de uma entrevista na Globo News na sequência do pronunciamento com Prates. 


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