Aumento de combustíveis faz Vibra Energia reforçar liquidez e adotar cautela

Camila Maia

Autor

Camila Maia

Publicado

22/Mar/2022 22:42 BRT

Depois de obter lucro líquido de R$ 2,5 bilhões em 2021, crescimento de 35% na comparação com o lucro ajustado de 2020, a Vibra Energia fez um alerta para os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia no mercado de distribuição de combustíveis. A estratégia para superar o momento envolve o reforço da liquidez e cautela na precificação.

No relatório da administração sobre o resultado, a antiga BR Distribuidora relatou que entre o fim de 2021 e janeiro deste ano, houve uma desaceleração da recuperação de demanda vista ao longo do ano, reflexo da variante Ômicron da covid-19 e do novo surto de Influenza. Os efeitos foram sentidos até meados de fevereiro.

Além disso, houve também redução da mobilidade em várias regiões do Brasil, por conta das chuvas torrenciais deste início de ano, contribuindo negativamente para a recuperação da demanda. Desde a metade de fevereiro, os volumes voltaram a se recuperar, e março começou sob boas expectativas, "o que tem se mantido até o momento".

O conflito entre Rússia e Ucrânia, contudo, está resultando em preços historicamente altos de combustíveis, com possíveis repercussões na economia brasileira. "O reflexo mais direto em nosso negócio é que as elevações de preços de commodities pressionam a necessidade de capital de giro, tanto pelo aumento de custo do inventário quanto pelo maior montante dedicado à carteira de crédito concedido a clientes. Temos já observado essas implicações ao longo do primeiro trimestre e portanto tomado medidas no sentido de reforçar as condições de liquidez de curto prazo da companhia", disse a Vibra.

Os preços mais altos dos combustíveis também podem trazer represamento de consumo, limitando a retomada da demanda, e também impõem desafios adicionais à estratégia de precificação. 

A companhia teve lucro líquido de R$ 1 bilhão no quarto trimestre do ano passado, retração de 67,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado dos últimos três meses de 2020, contudo, recebeu contribuição positiva de R$ 2,1 bilhões da remensuração de passivos decorrente da mudança dos planos de saúde da companhia.

A receita líquida da Vibra subiu 61,6% no quarto trimestre, a R$ 39,27 bilhões, a despeito da retração de 3% no volume de vendas, a 9,9 milhões de m³. O volume de vendas caiu pela redução de 6% de vendas de diesel e de 23% de óleo combustível para termelétricas, com compensação parcial pelo aumento da demanda por combustível de aviação. 

O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado caiu 1,1%, a R$ 1,6 bilhões. 

Segundo a companhia, o Ebitda do quarto trimestre teve contribuição líquida negativa de fatores não recorrentes como baixas de ativos, apesar de ganhos com venda de um imóvel e recuperações tributárias. 

O trimestre também foi marcado pela elevação do preço das commodities vendidas pela Vibra, o que produziu efeito positivo de estoque nas margens do setor. O Ebitda normalizado por esse efeito seria de R$ 1,37 bilhão. 

"As margens normalizadas obtidas no trimestre foram superiores àquelas que entendemos recorrentes, efeito que se verificou também nos resultados das demais economias do setor", diz o relatório da administração da Vibra, no resultado.

No ano, o lucro caiu 36,1%, mas teria subido 35% não fosse o impacto positivo da mudança dos planos de saúde. A receita líquida subiu 59,7% em 2021, a R$ 130,1 bilhões. O volume de vendas, por sua vez, cresceu 4,7%, a 38,5 milhões de m³. O Ebitda ajustado cresceu 30,8%, a R$ 4,9 bilhões.