O governo russo anunciou nesta quinta-feira, 21 de setembro, a suspensão das exportações de diesel e gasolina. A medida tem como objetivo conter o aumento dos preços no mercado interno e deve ter repercussões no Brasil, que em agosto importou 1 milhão de m³ de diesel da Rússia – correspondente a 77,4% do total importado do combustível, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
A suspensão das exportações foi anunciada como temporária, mas não foi informado um prazo para o fim da proibição. Apenas países da União Econômica Eurasiática (que, além da Rússia, é composta por Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão e Quirguizistão) estão livres do banimento.
Segundo o especialista em combustíveis da consultoria Argus Amance Boutin, desde abril os preços no mercado russo começaram a subir. “Isso acabou sendo um problema para a inflação. Além disso, começou a haver escassez do produto no mercado interno russo. A medida é uma tentativa de estancar a fuga dos combustíveis”, explica o especialista.
Segundo ele, no início da semana passada o governo russo sinalizava um imposto para exportação “para empresas que não estivessem honrando seus compromissos com o mercado interno”. Neste sentido, o anúncio da suspensão total foi uma surpresa.
No Brasil, a estimativa da Argus é que pelo menos as importações planejadas para serem entregues até meados de outubro devem ser cumpridas, pois já estão sendo carregadas ou a caminho.
Desde que a Rússia passou a sofrer sanções econômicas por conta da guerra na Ucrânia, os preços praticados na venda dos combustíveis ficaram mais baixos que o dos demais competidores e o Brasil aumentou fortemente os volumes de importação.
Segundo Boutin, a Argus apurou que os distribuidores vão se direcionar à Petrobras para pedir mais volume dos combustíveis. A MegaWhat entrou em contato com a estatal para checar a capacidade de atendimento, mas a empresa ainda não enviou posicionamento.