Leilão A-5 continua com deságios reduzidos para eólica e solar; expectativa é de baixa demanda

Camila Maia

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Camila Maia

Publicado

30/Set/2021 12:31 BRT

Teve início, às 10h, o leilão A-5 deste ano, organizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Segundo análise da MegaWhat Consultoria, a expectativa é de baixa demanda das distribuidoras, resultando em contratação reduzida no certame. Passada cerca de 1h30 do início da disputa, os deságios mais expressivos estavam nas fontes hídrica e térmica. Eólica e solar, por sua vez, tinham os menores descontos.

Por volta de 11h30, a fonte hidrelétrica era negociada com preço de R$ 174,27/MWh, deságio de 45,54%; a eólica era negociada a R$ 177,65/MWh (-6,99%); a solar estava a R$ 168/MWh (-12,04%); as termelétricas estavam a R$ 278,08/MWh (-23,81%); e as usinas movidas a resíduos sólidos urbanos estavam a R$ 549,35/MWh (-14,03%).

O edital do leilão prevê a negociação de produtos provenientes de novos empreendimentos de geração hídrica, eólica, solar e térmicas que utilizam como combustíveis resíduos sólidos, carvão mineral ou gás natural. Os contratos terão início de suprimento em janeiro de 2026 e duração de 15 anos até 25 anos, a depender do tipo de fonte.

Para a fonte hidráulica, a contratação é por quantidade e a duração 25 anos. Eólica e solar fotovoltaica também estão na modalidade quantidade, mas com duração de 15 anos. As termelétricas a biomassa, carvão, gás natural e resíduos sólidos urbanos serão contratadas por disponibilidade, com prazo de 20 anos.

Vencerão aqueles que oferecerem maior deságio em relação ao preço máximo estabelecido pelo edital: R$ 320/MWh para hidrelétricas; R$ 191/MWh para eólica e também no produto de solar; R$ 365/MWh para termelétricas a gás natural, biomassa ou carvão mineral; e R$ 639/MWh é o custo marginal de referência para termelétricas a partir de resíduos sólidos urbanos.

Também poderão participar empreendimentos existentes, mas os preços são diferentes: para pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e centrais de geração hidrelétrica (CGHs), o preço é de R$ 249,22/MWh; para hidrelétricas, de R$ 174,27/MWh; e termelétricas a biomassa, gás ou carvão, de R$ 266,86/MWh.

Foram cadastrados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) 1.695 projetos, totalizando 93,8 GW de potência. 

No último leilão de longo prazo, do tipo A-6, realizado em 2019, foram contratados 1.155 MW médios de garantia física, ao preço médio de R$ 193/MWh. A MegaWhat Consultoria estima que exista espaço para contratação de uma demanda consideravelmente reduzida no certame de hoje, de 400 MW médios a 600 MW médios.

A análise da consultoria aponta para muitas incertezas do lado da oferta e da demanda, como a abertura do mercado livre, a evolução da geração distribuída, a indefinição sobre a destinação da parte paraguaia da energia de Itaipu e a descotização das usinas da Eletrobras, que poderão ser recontratadas tanto no mercado cativo quanto no livre.

Além disso, as distribuidoras ainda terão oportunidade de contratar energia em leilões A-3 e A-4 e de participar do Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits (MCSD), em horizontes mais próximos da realização da carga. 

"O leilão emergencial deve ter uma demanda maior do que o leilão A-5, porque o intuito é colocar oferta rápida no sistema independentemente da necessidade contratual das distribuidoras", disse Ana Carla Petti, presidente da MegaWhat Consultoria, se referindo ao leilão de reserva emergencial previsto para outubro, no qual a definição da demanda partirá do governo, e não das distribuidoras.


(Atualizada às 11h30, em 30/09/2021)