Carga cresce 8% em fevereiro e mercado cativo aumenta apesar das migrações ao ACL

Maria Clara Machado

Autor

Maria Clara Machado

Publicado

01/Abr/2024 19:10 BRT

Categoria

Consumo

O consumo nacional de eletricidade atingiu 46.314 GWh em fevereiro de 2023, o que representa uma alta de 8% na comparação anual, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O montante representa o quarto maior volume da série histórica, iniciada em 2004. No acumulado de 12 meses, o consumo teve alta de 5,4%.

Segundo a EPE, o fato de fevereiro ter tido um dia a mais em função do ano bissexto tem impacto parcial, já que apenas os consumidores de alta tensão têm seu faturamento orientado pelo mês civil. No grupo de baixa tensão, o faturamento é feito em intervalos de aproximadamente 30 dias, não necessariamente dentro do mês civil.

E foi justamente o segmento de baixa tensão que puxou o consumo do mês, segundo a EPE: a classe residencial cresceu 11,1%, a 15.202 GWh. A entidade avalia que as altas temperaturas, aliadas à elevação nas vendas de aparelhos de ar-condicionado e ventiladores desde o início das ondas de calor e o avanço no emprego e renda, intensificaram o consumo residencial.

No total, o mercado regulado teve demanda de 27.847 GWh no mês, com alta de 5,8%, e correspondeu a 60,1% da demanda nacional. As distribuidoras registraram aumento de 1,4% no número de unidades consumidoras, mesmo com a migração de consumidores de alta tensão para o mercado livre. Ainda houve melhora nos índices de desempenho, com a redução dos índices de duração e frequência equivalente de interrupção por unidade consumidora (DEC e FEC) das distribuidoras.

Já o mercado livre teve consumo de 18.466 GWh, respondendo por 39,9% do consumo nacional. No ambiente de contratação livre (ACL), houve aumento de 11,5% no consumo e de 32,2% no número de consumidores. O Nordeste foi a região que mais expandiu o consumo (+15,4%) e o número de consumidores (+44,2%). A EPE aponta que a expansão do número de consumidores livres está em linha com as migrações previstas para 2024 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O consumo industrial somou 15.546 GWh, com alta de 6,5% na comparação anual. Todas as regiões elevaram a demanda, com destaque para o Sul (+8,9%) e o Nordeste (+8%). Como o faturamento na alta tensão é orientado pelo calendário civil, a EPE calculou o consumo médio diário para eliminar o efeito do fevereiro mais longo. Nesta lógica, o consumo industrial cresceria 2,8% no ano, com retração no Norte e menor crescimento nas demais regiões.

Em fevereiro de 2024, apenas 5 dos 37 setores monitorados da indústria retraíram seus consumos. Entre os eletrointensivos, todos aumentaram suas cargas, com destaque para a metalurgia (217 GWh; +5,9%), a fabricação de produtos alimentícios (129 GWh; +6,3%) e a extração de minerais metálicos (102 GWh; +10,2%).

Na classe comercial, o consumo aumentou 8,8% em fevereiro de 2024, chegando ao valor de 8.895GWh.