A Neoenergia prevê triplicar o volume de investimentos da recém adquirida CEB Distribuição (CEB D), para algo em torno de R$ 210 milhões por ano, nos primeiros três anos de controle da empresa. Para o quarto ano em diante, o grupo prevê investir cerca de R$ 175 milhões por ano.
De acordo com a Neoenergia, a CEB Distribuição investe historicamente abaixo da depreciação regulatória, o que cria oportunidades de ampliação de investimentos a serem reconhecidos na tarifa, ao mesmo tempo aumentando o nível dos indicadores de qualidade do serviço.
“Temos muito espaço para investir e, com isso, aumentar a nossa RAB [sigla em inglês para base de ativos regulatório] e colocar na tarifa”, afirmou o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Neoenergia, Leonardo Gadelha, em teleconferência com analistas sobre o resultado do leilão da CEB D, realizada nesta segunda-feira, 7 de dezembro.
“A retomada de investimentos vai gerar uma melhora dos indicadores operacionais, um aumento da base de remuneração [de ativos] e uma melhora dos indicadores de inadimplência e perdas”, afirmou o diretor presidente da Neoenergia, Mario Ruiz-Tagle. “Estamos convencidos de que fizemos um grande avanço no nosso processo de crescimento. A Companhia Energética de Brasília é a melhor alternativa de consolidação que tem sido vendida nos últimos anos em processo de leilão. É uma das concessões menos endividadas colocadas em leilão nos últimos anos. [Ela] não necessita de aumento de capital”, completou.
Segundo Ruiz-Tagle, a CEB D é atende uma população com o maior PIB per capita do país e opera uma área com alta concentração de carga e clientes por km2. “É uma concessão que oferece características especiais, com baixos riscos regulatório, operacional e financeiro”.
A Neoenergia pretende readequar os indicadores de duração e frequência de interrupções (DEC e FEC, respectivamente) da CEB D dentro dos limites regulatórios estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em dois anos. O DEC da distribuidora hoje é de 9,2 horas, contra um limite regulatório de 7,9 horas. Já o FEC é de 7,3 vezes, ante um limite de 6 vezes.
Empréstimo ponte
A expectativa da Neoenergia é concluir a aquisição da CEB D em março de 2021. Segundo Gadelha, a companhia está negociando a contratação de um empréstimo ponte para a financiar parte do valor do negócio.
Com relação ao nível de endividamento, o executivo prevê que a relação dívida líquida/Ebitda alcance 3,6 vezes, ainda abaixo dos covenants de 4 vezes. No terceiro trimestre de 2020, o indicador da companhia foi de 2,85 vezes. Segundo o executivo, a Neoenergia permanecerá com um balanço “confortável” mesmo após a aquisição.
Gadelha também contou que a empresa trabalha com uma TIR (taxa interna de retorno) nominal entre 9% e 10% para essa aquisição.
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