As agências de classificação de risco Moody’s e S&P Global Ratings rebaixaram na última sexta-feira, 3 de fevereiro, as notas de crédito (ratings) da Light. As medidas ocorreram um dia após a Fitch ter feito um downgrade no rating da elétrica fluminense, evidenciando o impasse financeiro de uma das maiores e mais emblemáticas distribuidoras de energia do país.
A Moody’s rebaixou o rating da Light, de B3 para Ba3, na escala global, e colocou a perspectiva da nota de crédito sob revisão, o que indica a possibilidade de novo rebaixamento. Segundo a classificadora, a medida foi motivada pela falta de visibilidade da estratégia financeira da Light, com relação aos próximos vencimentos de dívida e a condição crítica do mercado de crédito, após o caso das Americanas.
Já a S&P Global Ratings reduziu os ratings de crédito e de emissão da Light, de brAA+ para brA-, além de reduzir o rating emissor de curto prazo na mesma escala, de brA-1+ para brA-2. E a classificadora de risco colocou a perspectiva negativa do rating de emissor, indicando a possibilidade de um rebaixamento nos próximos 12 meses, caso a Light enfrente pressões de liquidez, devido aos vencimentos expressivos de dívidas.
“A Light iniciará as negociações com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em meados de 2023 para renovar sua concessão de distribuição, que vence em junho de 2026. No entanto, acreditamos que há incertezas sobre a renovação da concessão, que dependerá dos termos da negociação entre o controlador da Light e a Aneel. Isso pode exarcerbar os riscos de liquidez devido à necessidade de refinanciamento de dívidas em 2024 e 2025, de cerca de R$ 2,2 bilhões e R$ 2,3 bilhões , respectivamente”, destacou a S&P Global Ratings, em comunicado.
Cenários possíveis para a Light
Segundo fontes ouvidas pela MegaWhat em condição de anonimato, há basicamente três cenários para a Light. O primeiro é o de uma eventual intervenção na concessão pela Aneel, a exemplo do que ocorreu com oito concessionárias do grupo Rede, em 2012. Outro cenário é o da renovação da contrato de concessão da Light, a partir de meados 2026, sob as regras atuais ou sob novos parâmetros, mais flexíveis com relação ao índice de perdas não técnicas (furto e fraude) de energia da distribuidora.
A última alternativa seria o da devolução da concessão pelos acionistas. Nesse caso, o governo teria que indenizar os investidores, pelos investimentos feitos e ainda não amortizados na empresa, e relicitar a concessão.
Segundo uma fonte ouvida pela MegaWhat, o destino da Light dependerá de uma negociação entre os acionistas, a Aneel e o poder concedente, ou seja, a União, representada pelo Ministério de Minas e Energia.
A Light possui cerca de 4,3 milhões de unidades consumidoras, o equivalente a quase 5% do total do país. O consumo anual de energia na área de concessão da Light é da ordem de 16 gigawatts-hora (GWh), o que representa mais de 5% do mercado total do país.
A companhia prevê divulgar o resultado de 2022 no dia 16 de março.
(foto: Paula Kossatz / Light)