Distribuição

Rede subterrânea de distribuição é solução parcial, diz Enel SP

O enterramento da rede elétrica como medida preventiva para possíveis danos na rede elétrica por eventos climáticos de maior intensidade é visto como uma solução parcial pelo presidente da Enel Distribuição São Paulo, Max Xavier.

Rede subterrânea de distribuição é solução parcial, diz Enel SP

O enterramento da rede elétrica como medida preventiva para possíveis danos na rede elétrica por eventos climáticos de maior intensidade é visto como uma solução parcial pelo presidente da Enel Distribuição São Paulo, Max Xavier. Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira, 8 de novembro, sobre a falta de energia que atingiu 2,1 milhões de consumidores na área de concessão da companhia no estado, o executivo questionou quem vai pagar os custos relacionados para implementação do sistema.  

“Se a gente realizar o enterramento de 1 quilômetro já custaria dez vezes mais do que uma rede área. E, mesmo se tivermos dinheiro infinito, o transtorno de fazer isso poderia parar São Paulo, porque envolve critérios técnicos, demográficos e ambientais”, declarou. 

Na visão do executivo, não existem “sistemas infalíveis” e sim com nível de confiabilidade superior. No caso da rede subterrânea, Max Xavier acredita que apesar de ser confiável em relação à rede aérea, o sistema pode ser atingido por inundações e até roubos, que já estão sendo verificados em áreas aterradas da companhia.  

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Atualmente, a concessionária e a prefeitura de São Paulo estão estudando a viabilidade de tecnologias em redes subterrâneas, por meio de projeto-piloto. No entanto, o presidente da Enel SP afirma que mesmo com escopo “bastante maduro”, ainda existe o questionamento de quem vai bancar a implementação do sistema, para que ele se torne “algo maior”.

Culpa das árvores 

Apontadas como uma das principais culpadas pela falta de energia no estado, as árvores estão causando discordâncias entre a administração estadual e a Enel SP.

Nesta quarta-feira, 8 de novembro, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, anunciou que a Procuradoria Geral do Município deve ingressar na Justiça com uma ação civil pública contra a empresa, dado o “descumprimento de acordo da empresa com a cidade e de outras normas legais”.

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Entre os possíveis “descumprimentos”, está um acordo assinado em junho de 2022 entre a gestão municipal e a Enel. O documento prevê protocolos de poda e remoção de árvores caídas, sobretudo em emergências.  

Conforme texto, foi definido que o manejo da vegetação é responsabilidade da gestão municipal, porém em situações de contato com a rede elétrica, a Enel é responsável pela manutenção. Com validade até 2024, o acordo define que em caso de descumprimento dos itens, a concessionária pode sofrer penalidades administrativas pelo estado.

Questionado, Xavier apenas declarou que a legislação federal responsabiliza o município pelo reparo da vegetação urbana, mas que como os postes são usados pelas distribuidoras e por outras companhias se faz necessária uma cooperação compartilhada para realização da manutenção. No caso da Enel, podas/retiradas são realizadas nas árvores em situações nas quais o galho está próximo à rede elétrica. 

Para o executivo, a manutenção da vegetação poderia ter ajudado a reduzir os impactos na rede de distribuição, sendo uma das principais soluções para que novas ocorrências sejam reduzidas.  

Próximos passos 

Na coletiva, Max Xavier afirmou que a companhia está em estado de alerta para se precaver, caso ocorram novos episódios, e deve antecipar seu programa de verão, acelerando a poda da vegetação nas áreas da concessão. 

“Evidentemente, podem acontecer eventos dessa magnitude e até mais forte daqui a uma semana, provocando mais estragos. O maior pico foi na nossa concessão. Esperávamos, com base em estudos de institutos de meteorologia, ventos máximos de 55 quilômetros por hora [km/h] e tivemos aqui na nossa área de concessão ventos de até 105 km/h, isso teve um impacto destruidor na infraestrutura, sobretudo porque é uma rede majoritariamente aérea. Nós tivemos 95% das redes de distribuição destruídas, a vegetação atingiu nossa rede de maneira muito forte. Estamos vendo com os institutos o que falhou na previsão”, disse o executivo.  

Ressarcimento 

Em relação ao ressarcimento, o presidente da Enel SP destacou que como o setor elétrico é regulamento pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), autarquia ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME), dois dispositivos federais regem situações como a vista na semana passada. 

Conforme legislação, a indenização só pode ocorrer após danos em equipamentos elétricos/eletroeletrônicos ou em situações em que a unidade consumidora fica sem energia. Neste último caso, uma compensação poderá ser realizada. 

Como o texto trata apenas dessas formas de indenizações, o executivo destacou, após reunião com governantes no começo da semana, foi acordado que as cinco concessionárias responsáveis pela concessão de São Paulo debateriam a possibilidade de reembolso em caráter excepcional. 

“É claro que [a perda de alimentos] traz transtorno ao cidadão, mas não estava previsto. Vamos discutir, sob coordenação da Aneel, as possibilidades para abranger [os dispositivos] um pouco mais e trazer, em até 30 dias, o que for possível”, afirmou.