Economia e Política

Correndo por fora, Coreia do Sul pode levar a melhor em “guerra” comercial de veículos elétricos

Os veículos elétricos estão no centro de uma “guerra” concorrencial e podem ter um ano marcado por investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) e competitividade entre diferentes soluções de baterias, segundo previsão da WoodMackenzie.  

Man plugging in charger into an electric car at charge station
Man plugging in charger into an electric car at charge station

Os veículos elétricos estão no centro de uma “guerra” concorrencial e podem ter um ano marcado por investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) e competitividade entre diferentes soluções de baterias, segundo previsão da WoodMackenzie.  

Para Max Reid, analista de Veículos Elétricos e de Serviços de Cadeia de Abastecimento de Baterias da consultoria, 2024 pode “lançar luz” sobre quais marcas estão reestruturando investimentos para manter uma posição significativa no mercado.

China x Europa 

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Os veículos elétricos viraram uma das apostas da China para recuperar sua economia em meio à crise imobiliária. De acordo com a consultoria, em 2023, o país adotou uma estratégia para se tornar uma potência na produção de automóveis elétricos e superou montadoras estrangeiras.   

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Ao longo do ano passado, a China produziu 747 GWh de baterias de íon-lítio, porém 387 GWh foram instaladas e 153 GWh foram direcionadas para exportação. Assim, segundo a consultoria, quase 200 GWh foram excedentes, o que pode representar um ano mais cauteloso na compra do material pelas montadoras. 

“Este ano pode ser caracterizado por preços de baterias mais competitivos, levando algumas empresas a buscarem outras soluções. Montadoras chinesas, por exemplo, estão apostando em baterias de íon de sódio como a próxima tecnologia de baixo custo”, destaca Reid.  

A consultoria também aponta que montadoras do país devem melhorar o software dos veículos, o que pode ameaçar o crescimento de marcas estrangeiras.  

Europa 

Neste cenário, a China pode provocar uma guerra comercial com a Europa, que vive um ano crucial de crescimento no setor.  Na avaliação da consultoria, o bloco corre o risco de se tornar dependente das baterias chinesas, enquanto procura uma estratégia coerente para impulsionar a produção interna.  

Em outubro, a União Europeia lançou uma investigação anti-subsídios contra elétricos da China, já que, segundo o bloco, os inventivos permitiriam uma maior migração de automóveis em detrimento da indústria europeia, que não está conseguindo competir. A ação iniciou uma análise sobre direitos compensatórios e que deve durar nove meses.  

Os direitos visam neutralizar quaisquer subsídios concedidos direta ou indiretamente à fabricação, produção ou exportação de mercadorias. A iniciativa europeia procura evitar uma repetição do que aconteceu com sua indústria solar fotovoltaica no início de 2010, quando fabricantes do bloco não conseguiram competir com o mercado chinês e fecharam as portas.  

“Os direitos compensatórios sobre as importações chinesas estão, sem dúvidas, nos planos do bloco. Os subsídios prejudicaram o potencial de venda de veículos elétricos de montadoras europeias. A exclusão dos subsídios estatais, iniciada pela França, juntamente com o aumento dos custos de transporte de automóveis agravarão a situação dessas marcas”, afirma Reid. 

O analista destaca ainda que as medidas “protecionistas” da Europa podem revelar uma “vantagem natural” das marcas chinesas ou reduzir a concorrência, permitindo que fabricantes do bloco coloquem o “pé no acelerador”.  

Contudo, a análise adverte que a Coreia do Sul pode “ganhar a batalha” entre China e Europa, uma vez que possui baixos custos de produção, uma rede de suprimentos abastecida e não está na “mira” da investigação anti-subsídios.  

“Os principais fabricantes da Coreia do Sul já declararam plano para produzir baterias de íon-lítio na próxima década. Com um histórico de produção em escala para a Europa, as empresas sul-coreanas podem se beneficiar com os resultados da investigação anti-subsídios”, destaca Max Reid. 

EUA 

Enquanto a Europa busca soluções no setor, a corrida presidencial dos Estados Unidos (EUA) pode ser outra vertente a colocar em xeque a evolução do mercado de eletrificados, visto que o candidato Donald Trump ganhou uma das primeiras prévias do partido Republicado realizada na última segunda-feira, 15 de janeiro.  

Trump tem liberando as pesquisas para as eleições no país, frente o atual presidente, o democrata Joe Biden, e tem prometido níveis crescentes de perfuração de petróleo e gás, além da extinção de políticas voltadas ao combate às mudanças climáticas adotadas pela atual administração, incluindo a Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês).

Segundo a consultoria, Trump também manifestou interesse em eliminar o subsídio federal para veículos elétricos, e que caso seja concretizado, pode “ameaçar” a entrada dos automóveis no país.  

“Uma reversão dos padrões de emissões e o aumento da economia voltada aos combustíveis fósseis não só reduziria os investimentos em veículos elétricos, mas também prejudicaria a lucratividade e o potencial investimento futuro de líderes globais no setor, como a Tesla”, finaliza Max Reid.