O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta segunda-feira, 18 de setembro, que após definir as diretrizes para emissão de títulos de dívida sustentáveis, o Brasil terá uma entrada maior de ‘green business’, visto a receptividade dos investidores estrangeiros aos títulos, que devem ser lançados nas próximas semanas.
“Nós temos que abrir o nosso país para o ‘green business’. Tornar o Brasil o porto de chegada do investimento que visa a sustentabilidade do planeta. A sustentabilidade social, a sustentabilidade das contas públicas. Já atendemos mais de 60 fundos de investimentos. A receptividade é a melhor possível, sobretudo porque esse recurso fica carimbado para financiar projetos sustentáveis, com taxas de juros mais convidativas do que nós temos hoje”, disse o ministro em evento realizado em Nova York pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), sobre desenvolvimento sustentável no Brasil.
Haddad não informou quanto será captado com a emissão, afirmando que a palavra final será do Tesouro Nacional, dependendo, também, do interesse a ser despertado nos investidores.
Exportação de hidrogênio
Haddad ainda defendeu que o Brasil pode se tornar exportador de terras raras e energia renovável, seja por meio da exportação de lítio e do hidrogênio ou ao usar uma parte das renováveis para produção de produtos verdes. Segundo o ministro, o assunto foi abordado em jantar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com empresários realizado nos Estados Unidos.
“Podemos neoindustrializar o país, mas, pensando em exportar produtos verdes e produzir produtos verdes. E nós temos todas a condição se agirmos em outras áreas que estão no nosso radar e no radar do Congresso Nacional”, destacou Haddad.
O ministro da Fazenda ainda defendeu a exploração de fontes de energia renováveis como uma forma de garantir segurança energética do Brasil. Na visão do ministro, o país pode usar a energia eólica e solar para abastecimento e deixar a reserva das hidrelétricas para momentos mais “delicados”.
Acrescentando que é possível “neoindustrializar” o país mediante boas práticas ambientais, o ministro afirmou que o novo Plano Safra deve contemplar iniciativas voltadas para a agricultura de baixo carbono, visto que o setor tem investido em tecnologias relacionadas a novas formas de produção, e garantindo, com isso, espaço no mercado internacional.
No mesmo painel, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, afirmou que o mundo enxerga o Brasil e a América Latina como parte da solução global para combater as mudanças climáticas, mas que o país deve apresentar propostas de planejamento, liderança, regulamentação e financiamento.
“[No entanto,] não podemos dar como dado que essa oportunidade vai cair no colo”, disse Goldfajn.