Fabricantes de aerogeradores instaladas no Brasil, como Nordex, Vestas e Siemens Gamesa, devem ampliar a capacidade de produção nos próximos anos, para suprir o mercado que deixará de ser abastecido pela GE. A avaliação é de Clarissa Sadock, presidente da AES Brasil.
“Temos outros fornecedores no país com interesse em crescer suas fábricas”, disse Sadock, durante teleconferência dos resultados da AES no segundo trimestre do ano.
No fim de julho, a GE informou a suspensão das vendas de novos aerogeradores fabricados no Brasil enquadrados em conteúdo local, modalidade que dá direito a financiamento com bancos de fomento, como BNDES e BNB.
Atualmente, a AES está trabalhando na construção de dois parques eólicos. Cajuína, que terá 695 MW e ficará no Rio Grande do Norte, vai usar turbinas fabricadas pela Nordex, enquanto Tucano, que terá 322 MW na Bahia, e vai usar turbinas de 6,2 MW cada uma fabricadas pela Siemens Gamesa.
Segundo Sadock, “há muito tempo os preços da GE estão mais salgados do que de vários outros fornecedores”, e a companhia não tem nenhum contrato de novos projetos com a fabricante.
A companhia tem, contudo, máquinas antigas da GE. O Rei dos Ventos, por exemplo, usa turbinas da Alstom, que foi adquirida pela GE em 2014. Já Alto Sertão II usa turbinas GE 1X.
A GE assegurou que, apesar da nova estratégia, vai cumprir os contratos vigentes, inclusive de serviços como operação e manutenção de ativos. A companhia tem entregas de aerogeradores pelos próximos anos.
“Imagino que, concretizando a saída da GE, temos outros fornecedores que há muito tempo falam em aumento das fábricas, como Nordex e Vestas, e que poderiam surprir o gap que pode ocorrer daqui três ou quatro anos”, disse Sadock na teleconferência.
(Atualizada em 10/08/2022, às 8h30, para correção de informação. O parque da AES que utiliza turbinas Alstom é o Rei dos Ventos. O parque Alto Sertão II usa máquinas da GE)