Ressaltando anos desafiadores, a fabricante de pás eólicas Aeris Energy está confiante na retomada da indústria eólica, mais fortemente das Américas. No Brasil, a empresa vê que os preços de energia de longo prazo acima de R$ 190/MWh viabilizam novos projetos da fonte, e acredita em uma demanda extra que pode ser criada com a extensão das tarifas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição (Tust e Tusd), em discussão pelo governo.
No Brasil, a atenção da companhia está voltada para a negociação em Brasília da prorrogação dos descontos das tarifas de uso do sistema de transmissão e distribuição (Tusd e Tust), da regulamentação das eólicas offshore, bem como da retomada dos preços dos projetos.
“A gente acredita que R$ 190/MWh a R$ 200/MWh é sustentável para a indústria, claro que depende dos juros e custo de capital que cada empresa consegue para se alavancar para os projetos, mas esse deve ser um nível satisfatório. Outro ponto que deve ajudar o mercado no longo prazo, e que está em negociação em Brasília, é a extensão da Tusd e Tust, e que se isso ocorrer, vai gerar um ganho extra de demanda”, apontou o CEO da companhia, Alexandre Negrão, em teleconferência dos resultados do quarto trimestre de 2023.’
O ganho extra de demanda seria positivo, após o país adicionar 4,92 GW em eólicas em 2023 e ter a expectativa de fechar 2024 com 4 GW, em 111 parques em construção. “Apesar da alta da demanda de energia e do início da queda da taxa de juros, os preços da energia e o custo médio para instalação dos parques eólicos são vistos pela companhia como obstáculos para maior investimento nacional em energia eólica”, disse a empresa em seu release de resultados do 4T23.
Adicionalmente, a Aeris também apontou o “dia do perdão” reduzindo a demanda futura de instalações de parques eólicos em 2,2 GW. A Aeris faturou 3,1 GW em 2023, um resultado 7,1% menor que o volume de pás em MW equivalente produzidas em 2022.
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“Apesar de 2024 se mostrar um ano mais difícil para o Brasil, a gente consegue ver pelas conversas com os nossos clientes que as outras regiões continuam crescendo e vão crescer de forma mais acelerada ao longo de 2024 e 2025. Principalmente regiões das Américas, que é a região que a gente mais foca”, completou Alexandre Negrão.
No último ano, a empresa atendeu apenas o mercado interno brasileiro. Em 2022, suas operações para exportação totalizaram R$ 182,5 milhões.
Ainda sobre o Brasil, o CEO da Aeris disse que a empresa está acompanhando de perto a discussão sobre a regulamentação das eólicas offshore, com expectativa para que alguma mudança aconteça nos próximos 12 meses.
E, caso a regulação siga como a que está em discussão, com um conteúdo local semelhante ao da onshore, a empresa estará bem-posicionada para o início do mercado no país. “Com certeza vai ser um volume menor, mas um valor agregado muito maior nas nossas pás”.
Resultados
As despesas financeiras líquidas da Aeris Energy aumentaram 23,5% em 2023, para R$ 325,1 milhões, e somadas com a perda devido à variação cambial líquida aplicada aos estoques de matéria-prima importada contribuíram para o prejuízo apurado de R$ 106,6 milhões.
No ano anterior, a companhia registrou um Ebitda (lucro antes de juros, impostos e amortização) de R$ 329,8 milhões, um crescimento de 40,3% quando comparado ao ano de 2022 e margem de 11,6%.
Para Alexandre Negrão, CEO da fabricante, o resultado mostra uma estratégia acertada e que foi iniciada no início de 2023, com a renegociação de contratos e redução de estoques de forma eficiente.
Já a receita operacional líquida foi de R$ 2,8 bilhões no ano passado, uma redução de 2,7% quando comparado a 2022, resultado da queda de volume e da desvalorização do Real frente ao dólar, sendo parcialmente compensadas pelo aumento do preço médio de vendas das pás em USD/MW de 5,2%
A empresa também investiu R$ 65,9 milhões na aquisição de máquinas e equipamentos para aumento de capacidade produtiva nas estações de acabamento de pás a fim de balancear processos produtivos e reduzir o prazo médio de fabricação.
Por fim, recentemente (ao final de 2023 e, também, no início de 2024), foram assinados aditivos contratuais com Nordex e Vestas, totalizando potenciais ordens cobertas por contratos de longo prazo de 13,2 GW, com um potencial de receita líquida podendo alcançar R$ 11,1 bilhões.