Depois dos recentes problemas com turbinas eólicas, o CEO da alemã Siemens Energy, Christian Bruch, informou nesta semana que, após contabilizar 2,2 bilhões euros em prejuízo no terceiro trimestre do ano fiscal, a companhia deve desacelerar sua produção. O efeito estimado é de, até o final de 2023, um prejuízo de 4,5 bilhões de euros.
Entenda as avarias nas turbinas eólicas da Siemens Energy
“Esses problemas são consequências do passado, mas acho que avançamos demais no mercado. Também acredito que os problemas não estão relacionados a qualidade, e sim ao fato de termos lançado novos produtos muito rápido. Agora, vamos estabilizar nosso negócio, em expansão de novas fábricas, e vamos estabelecer uma força-tarefa para resolver os problemas de qualidade”, disse Bruch em entrevista à CNBC, nesta segunda-feira, 7 de agosto.
A força-tarefa citada pelo executivo contará com a AlixPartners, empresa de consultoria especializada em projetos complexos, e da Siemens Gamesa, para resolver os problemas identificados, principalmente, nas pás do rotor das eólicas onshore. A Siemens Energy afirma que apenas um número limitado de turbinas é afetada e que as outras plataformas podem ser operadas.
Além disso, o conselho fiscal da Siemens Energy criou um comitê especial para investigação detalhada dos problemas de qualidade e produtividade na Siemens Gamesa. Especialistas externos independentes devem revisar e avaliar a metodologia usada para calcular a possibilidade de falhas futuras, bem como os custos esperados de acompanhamento.
O plano de negócios da companhia e a sua estratégia atual também estão passando por revisão.
Na entrevista, o executivo também destacou que desacelerar a produção de novos produtos será um fator-chave para garantir o crescimento da companhia no setor, que, segundo ele, tem grande potencial.
“Ainda acredito no mercado. Temos 7,5 bilhões de pedidos do setor eólico neste trimestre. É um mercado com crescimento muito interessante”, acrescentou Bruch na entrevista.
Resultados Siemens Energy
De acordo com a companhia, os resultados do terceiro trimestre fiscal foram impactados por cobranças na Siemens Gamesa, que foi integrada a Siemens Energy em junho, além de questões envolvendo a qualidade de certas plataformas onshore, bem como o aumento dos custos do produto e desafios contínuos nos negócios de eólica offshore.
Com isso, a empresa registrou um prejuízo líquido de 2,93 bilhões de euros, saindo dos 564 milhões de euros reportados no mesmo trimestre de 2022. Já a receita aumentou 8% chegando aos 7,5 bilhões de euros.
“Os custos esperados para sanar os problemas de qualidade foram considerados no terceiro trimestre, com encargos para despesas futuras no valor de € 1,6 bilhão. A saída imediata de liquidez no ano fiscal de 2023 é baixa. A maior parte dos custos de reparo esperados está prevista para os anos fiscais de 2024 e 2025”, conclui a Siemens Energy.
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