A New Fortress Energy (NFE) anunciou que fechou um acordo para assumir o contrato originalmente vencido em leilão pela Ceíba Energy para construção da termelétrica Portocém, de 1,6 GW. O pagamento será feito em ações preferenciais conversíveis da NFE, além da assunção de passivos de uma subsidiária da vendedora, mas os valores não foram informados.
A solução viabilizará o cumprimento do contrato, alternativa que a Ceiba, investida do fundo americano Denham Capital, vinha buscando no mercado há algum tempo, segundo fontes ouvidas pela MegaWhat.
O problema do projeto, cujo investimento era estimado em R$ 4,7 bilhões, começou quando a Shell, que seria fornecedora do GNL, desistiu de assinar o contrato.
Na sequência, a Mitsubishi, que forneceria as quatro turbinas da termelétrica e atuaria também como epecista no projeto, encerrou seu contrato com a Portocém. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, sem gás, o projeto não era viável, e a Ceiba não conseguiu financiamento para pagar as garantias da Mitsubishi.
Como o projeto tem um contrato a cumprir a partir de 1º de julho de 2026, os donos passaram a procurar compradores interessados em ficar com o contrato, já que encontrar outro fornecedor de GNL no preço pretendido se mostrou inviável na conjuntura atual.
O contrato e os novos projetos
A Ceíba Energy foi a maior vencedora do único leilão de reserva de capacidade realizado até o momento, em 2021, com o projeto da termelétrica que seria instalada na Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE Ceará), em Cauaia, a 50 km de Fortaleza. Diferentemente de contratos de compra de energia (PPAs) normais no mercado, nesse caso, o leilão envolveu contratos de reserva de capacidade para potência (CRCAP), remunerados pelo Encargo de Potência para Reserva de Capacidade (ERCAP).
A New Fortress, contudo, pretende levar o contrato garantido no leilão para outras localidades, aproveitando seus terminais de regaseificação de GNL em Barcarena, no Pará, e o Terminal Gás Sul (TGS), em Santa Catarina.
Em comunicado, a New Fortress explicou que presente utilizar a estrutura de Barcarena, onde está construindo uma planta de 630 MW de potência, e expandir o empreendimento em 1,2 GW.
Os 400 MW restantes serão transferidos para o futuro TGS, terminal de Santa Catarina cujas obras se arrastam há anos.
A transferência dos contratos ainda precisa ser aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Heranças da Golar
Os dois projetos, Barcarena e TGS, foram herdados pela New Fortress da Golar Power, comprada em janeiro de 2021.
A conclusão das obras do TGS chegou a ser anunciada no ano passado, depois que a New Fortress conseguiu assinar um contrato de suprimento com a Companhia de Gás de Santa Catarina, a SCGás.
A guerra entre Ucrânia e Rússia, que abalou o mercado global de gás natural, atrasou os planos para o terminal no litoral de Santa Catarina, mas recentemente a New Fortress conseguiu avanços no projeto, que pretende concluir em janeiro de 2024.
Ao assumir o contrato vencido pela Portocém no leilão de 2021, a New Fortress afirmou que garantiu uma receita anual da ordem de US$ 280 milhões ao longo dos 15 anos de contrato da usina. A empresa espera concluir a operação em março de 2024.
“Estamos extremamente satisfeitos em expandir nossos negócios no Brazil e firmar a NFE como uma provedora líder de energia limpa e confiável em uma das economias que crescem mais rapidamente no mundo”, disse Wes Edens, CEO da New Fortress Energy.
(Atualizado em 29/12/2023, para correção de informação de que se trata de um PPA. Na verdade, o contrato é de reserva de capacidade na forma de potência)