As ações da Copel fecharam em forte alta nesta segunda-feira, 21 de novembro, depois que o governo do Paraná informou que pretende vender uma fatia importante das suas ações na companhia, configurando sua privatização. Os investidores se animaram diante da perspectiva de redução do custo de capital da companhia, além dos potenciais avanços na governança corporativa, já que o modelo vislumbrado é o de uma empresa sem controlador definido.
As ações ordinárias (CPLE3) fecharam com alta de 18,92%, a R$ 7,92, enquanto as preferenciais classe B (CPLE6) subiram 22,91%, a R$ 8,80.
Com a privatização, o Paraná, cujo governador Ratinho Junior (PSD) foi reeleito neste ano, buscará captar recursos financeiros para suprir suas necessidades de investimentos, ao mesmo tempo em que prevê uma valorização das ações remanescentes na Copel, com potencial de geração de valor aos acionistas.
A notícia animou o mercado, ainda que a operação ainda dependa do aval da Assembleia Legislativa do Paraná. O entendimento no mercado é que o governador tem boa relação com os deputados estaduais, e não deve enfrentar dificuldades para avançar com a operação.
O analista Bernardo Viero, da Suno Research, lembrou que Ratinho Junior tem 40 dos 54 deputados da assembleia em sua base de coligação. “Entendo que não haverá grandes dificuldades na condução do processo”, disse.
Em relatório enviado a clientes, os analistas Giuliano Ajeje e Guilherme Reif, do banco suíço UBS, afirmaram que a transformação da estatal em uma corporation – empresa sem controlador definido – pode ajudar a valorizar as ações da Copel, devido à redução do custo de capital da companhia. O banco estima que o custo de capital da Copel hoje seja em torno de 12,5%, acima dos 10% a 10,5% pagos por empresas privadas, como CPFL e EDP Brasil.
O Estado do Paraná, hoje detentor do controle da Copel, deve permanecer com uma participação relevante não inferior a 15% do capital social da empresa, sendo que a fatia das ações ordinárias, com direito a voto, será limitada a 10%. O modelo em debate prevê que o estatuto social da Copel seja alterado, para que nenhum acionista, sozinho ou em bloco, possa exercer votos em patamar superior a 10%.
“Tal modelo mantém a empresa protegida do risco de concentração de controle em um player nocivo, além de permitir a atração de investidores estratégicos que podem agregar ainda mais ao negócio”, disse Viero, da Suno.
Atualmente, o Estado do Paraná tem 69,66% das ações ordinárias, e 6,89% das ações preferenciais, num total de 31,07% da companhia. Na sequência, aparece o BNDES, com 12,44% das ações ordinárias e 31,48% das preferenciais, somando 23,95% de participação na empresa. Outros acionistas relevantes incluem a LSV Asset Management, com 4,97% das ações preferenciais, ou 3,05% do total, e o acionista Victor Adler, que detém 0,02% da companhia.
O novo estatuto vai prever que a sede da Copel deverá ser mantida no Paraná, e o Estado do Paraná terá uma ação preferencial de classe especial, que vai conferir direito a veto em deliberações da assembleia geral realizadas a esses assuntos.
A ação especial – chamada de golden share no mercado – vai autorizar os administradores da companhia a aprovarem e executarem o Plano Anual de Investimentos da Copel Distribuição caso os investimentos, a partir desse ciclo tarifário, não atinjam no mínimo o dobro da Quota de Reintegração Regulatória (QRR) aquele ciclo. Nesse caso, o veto poderá ser exercido se o Paraná detiver, no mínimo, 10% do capital social total da Copel.