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Newen notifica rescisão de contratos no ACL e pede recuperação judicial

Newen notifica rescisão de contratos no ACL e pede recuperação judicial

A Newen Energies, que atua como comercializadora e desenvolvedora de projetos de geração solar fotovoltaica, entrou com um pedido de recuperação judicial contra uma dívida de R$ 179,3 milhões. O pedido foi apresentado na noite de sexta-feira, 10 de dezembro, depois que a companhia notificou diversos clientes de que não cumpriria os contratos de compra e venda de energia.

A companhia argumenta que a crise enfrentada para manter seus contratos teve origem na Operação Black Flag, da Polícia Federal, em maio deste ano, que apurava supostas fraudes envolvendo a obtenção de empréstimos e financiamentos com instituições financeiras.

Apesar das notícias, na ocasião, apontarem que a Newen era alvo das investigações, a companhia afirma que a operação não teve origem em suas atividades, e aponta que as investigações conduzidas internamente atestaram o cumprimento “dos mais elevados padrões de compliance.”

A operação da PF

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Segundo informações da Polícia Federal, a operação tinha como alvo uma organização criminosa que montou uma complexa rede com pessoas físicas e jurídicas fictícias, responsável por movimentações financeiras fraudulentas. Essa rede chegou a movimentar R$ 2,5 bilhões em operações financeiras, “com o objetivo de propiciar aos integrantes da organização criminosa um alto padrão de vida, com a aquisição de veículos de luxo, imóveis, lanchas e patrocínio de esporte automobilístico”.

Além de a operação ter envolvido busca e apreensão de documentos na sede da Newen, foi ainda determinado o bloqueio de quase R$ 10 milhões de sua titularidade, o que, de acordo com a companhia, abalou sua credibilidade e sua saúde financeira, comprometendo todo seu fluxo de caixa.

“A deflagração da Operação fez pairar dúvidas a respeito da capacidade do Grupo Newen honrar seus compromissos e, desde maio de 2021, seus números caíram vertiginosamente”, diz o pedido de recuperação judicial, assinado pelo escritório de advocacia Galdino & Coelho.

A companhia disse ainda que tentou renegociar os contratos em condições condizentes com sua capacidade financeira, mas ela não foi possível diante da negativa das contrapartes.

No segmento de desenvolvimento de projetos, a companhia afirma que a operação da PF também prejudicou seus negócios, “afugentando” parceiros e dificultando a realização de novas parcerias, necessários pelos altos custos associados à atividade.

“Assim, mesmo após as medidas, ações comerciais e operacionais adotadas pelo Grupo Newen, não se vislumbra, no médio prazo, a geração de caixa necessária para superar os graves impactos narrados acima”, diz o documento, que aponta que o deferimento da recuperação judicial é a medida mais adequada, já que vai permitir a equalização dos seus passivos e a reestruturação das atividades do grupo.

Rescisão de contratos

Antes do pedido de recuperação judicial, a Newen entrou em contrato com várias contrapartes comunicando a rescisão de todos os contratos de compra e venda de energia, com efeitos imediatos.

Segundo fontes ouvidas pela MegaWhat, as notificações começaram a chegar no início da semana passada, e os agentes ainda estavam na fase de contranotificação quando veio à tona a notícia do pedido de recuperação judicial.

Nas notificações, os efeitos da operação da PF também eram citados como justificativa para as rescisões de contratos, com destaque para o bloqueio de contas e investimentos do Grupo Newen em caráter cautelar. “Muito embora o Grupo Newen tenha envidado todos os seus esforços para reverter tal bloqueio – demonstrando inclusive seu descabimento -, tem-se que a liberação não ocorreu até o momento, estrangulando o caixa da companhia”, disse a companhia nas cartas enviadas às contrapartes.

A MegaWhat procurou a Newen desde sexta-feira, 10 de dezembro, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Já a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) informou que monitora a atuação das empresas no mercado multilateral e, até o momento, não há registro de descumprimento de obrigações financeiras na organização. “A instituição ressalta que os agentes que identificarem alguma conduta atípica ou irregular de suas contrapartes podem reportar à CCEE via Central de Monitoramento”, completou.