O Bank of America elevou a recomendação das units da Copel (CPLE11) para compra, ao mesmo tempo em que subiu o preço esperado para as ações de R$ 43 para R$ 51. A projeção não considera o cenário de privatização, que poderia levar a uma alta ainda maior.
Em relatório enviado a clientes, os analistas do BofA Arthur Pereira e Gustavo Faria explicaram que a privatização não é uma premissa do cenário-nase, pois ainda não há visibilidade sobre a potencial diluição do capital da empresa, como resultado dessa operação.
Com a privatização concluída, o banco estima que as units da Copel devem chegar a R$ 61. Para as ações preferenciais classe B (CPLE6), o novo preço-alvo é de R$ 10,20, com possibilidade de chegar a R$ 12,30 no caso da privatização bem sucedida. Cada unit da Copel é composta de uma ação ordinária (CPLE3) e quatro preferenciais classe B.
O banco estima que a privatização da Copel pode destravar R$ 6 bilhões em valor presente líquido, incluindo um corte de custos de 25%, ou R$ 2 bilhões, no segmento de geração e transmissão, uma redução de 15%, ou R$ 1,5 bilhão, nas despesas administráveis da distribuidora, além de uma redução significativa do seu custo de capital, em linha com outras empresas privadas do setor.
Mesmo sem a privatização, o BofA avalia que as ações da Copel não correspondem ao valor potencial da companhia, que está sendo negociada com desconto em relação aos seus pares na bolsa. “Em nossa visão, as possíveis razões para essa performance podem ser os receios dos investidores sobre uma oferta excessiva de ações na oferta que terá de R$ 4 a R$ 5 bilhões, e uma visão limitada sobre o potencial de corte de custos da empresa”, escreveram os analistas.
Modelo da privatização
A privatização da Copel, lançada em outubro do ano passado, vai seguir o modelo da Eletrobras, por meio de uma oferta de ações na bolsa, com a finalidade de transformar a companhia em uma ‘corporation’, ou seja, sem controlador definido.
A diferença é que, no caso da Copel, o estado do Paraná vai vender ações, na chamada oferta secundária – quando são oferecidas ações já existentes por um sócio. Além disso, a Copel também vai emitir novas ações, numa oferta primária, a fim de levantar recursos suficientes para pagar os R$ 3,7 bilhões da outorga da renovação das concessões de suas principais hidrelétricas, que somam 4,2 GW e representam 62% da sua capacidade de geração.
Após a oferta, a Copel pretende migrar para o Novo Mercado, segmento de mais alta governança da B3, na qual as empresas só podem ter ações ordiárias, com direito a voto. As ações CPLE6 devem ser todas convertidas a CPLE3, na proporção de um para um.
O BofA fez uma simulação, na qual a Copel levanta R$ 3 bilhões na oferta de novas ações, e o governo do Paraná vende uma participação por R$ 1,9 bilhão, considerando o preço de fechamento das ações preferenciais do pregão de ontem, 29 de junho, da ordem de R$ 7,90. Nesse cenário, a oferta movimentará R$ 4,9 bilhões, o governo do Paraná ficará com 15% das ações, e uma fatia de 69% será do mercado.
O plano de privatização prevê ainda uma “poison pill”, jargão do mercado financeiro para uma cláusula que protege a companhia de uma aquisição do seu controle. O objetivo é manter a empresa sem controlador definido. O mesmo mecanismo foi usado na Eletrobras.
Pela cláusula proposta, qualquer acionista que chegar a 25%, precisa fazer uma oferta por 100% das ações, com um prêmio de 100% em relação ao preço mais alto de negociação dos últimos 504 dias. Se um acionista chegar a 50%, o prêmio sobe a 200% desse valor.
Além disso, também prevê o limite de 10% no direito a voto, mais uma vez reproduzindo o que foi feito na Eletrobras.
Por volta de 11h30 (Brasília), as ações CPLE3 tinham alta de 2,47%, a R$ 7,88; a CPLE6 subia 2,56%, a R$ 8,02; e a CPLE11 subia 3,12%, a R$ 40,04.