Executivos do setor de Energia, Serviços de Utilidade Pública e Recursos Naturais no Brasil ainda não incorporaram os riscos climáticos ao planejamento financeiro. Pesquisa realizada pela consultoria PwC mostra que 39% dos entrevistados acreditam que as mudanças climáticas representarão uma ameaça ao negócio nos próximos 12 meses, mas 32% deles ainda não incorporam este risco em seus planejamentos financeiros.
Segundo o estudo, que entrevistou 4,7 mil presidentes de empresas em mais de 100 países, 16% dos executivos do setor no Brasil não pretendem incorporar o risco climático a seus planejamentos, enquanto outros 16% planejam fazer esta incorporação, mas o processo ainda não foi iniciado. Apenas 13% dos executivos do setor ouvidos no país avaliam que as mudanças climáticas já são consideradas em seus planejamentos financeiros.
Para o sócio da PwC Brasil Adriano Correia, as empresas têm dificuldade para modelar as variáveis relacionadas às mudanças climáticas, sobretudo porque não há um histórico que considere estes fenômenos. Assim, é difícil planejar cenários e antecipar decisões.
O executivo avalia que em alguns segmentos há bastante clareza sobre a necessidade de aumentar os investimentos, mas manter a sustentabilidade do negócio é um desafio. Correia deu como exemplo as distribuidoras de energia elétrica, que já têm evidência de que é importante aumentar a confiabilidade das redes diante de tempestades cada vez mais intensas, mas o investimento esbarra nas tarifas. “Passa pela questão do que fazer e como manter atividade competitiva”, disse o sócio da PwC Brasil.
Segundo a pesquisa, a sensibilidade à questão climática é maior no setor de Energia, Serviços de Utilidade Pública e Recursos Naturais. Neste segmento, 39% dos executivos consideram as mudanças climáticas uma ameaça, enquanto no Brasil apenas 16% dos presidentes de empresas de diferentes setores têm a mesma percepção, e globalmente este índice é de 12%.
Mais sensíveis a este tema, 48% dos presidentes de empresas do setor no Brasil afirmam que as empresas aceitaram taxas mais baixas de retorno para investimentos de baixo impacto climático. No país, a média entre todos os setores foi de 34%. “Já se aceita um retorno menor dos investimentos sabendo que no futuro pode haver um diferencial competitivo”, avalia Adriano Correia.
Apesar da preocupação com a questão climática, há outros fatores que preocupam mais os presidentes de empresas de Energia, Serviços de Utilidade Pública e Recursos Naturais no Brasil. Segundo a pesquisa da PwC, a instabilidade macroeconômica e a inflação foram mencionadas por 42% dos executivos. As mudanças climáticas entraram em terceiro lugar, com 39% das menções.
O levantamento também avaliou iniciativas de descarbonização das empresas, inovação em produtos e serviços e de que forma os executivos avaliam os impactos da inteligência artificial nos negócios.