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Transportadoras se dizem prontas para ampliar a malha de gás, mas aguardam regulação

Em meio a discussões sobre a disponibilidade de gás para abastecimento industrial, e ao esperado aumento na produção do combustível com os projetos BM-C-33 e Sergipe-Alagoas, as transportadoras se dizem prontas para investir e “desengargalar” a rede. A realização dos investimentos depende, entretanto, de aprovação regulatória pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). As conversas aconteceram nesta quarta-feira, 8 de agosto, durante o evento Rio Pipeline, organizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).

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Em meio a discussões sobre a disponibilidade de gás para abastecimento industrial, e ao esperado aumento na produção do combustível com os projetos BM-C-33 e Sergipe-Alagoas, as transportadoras se dizem prontas para investir e “desengargalar” a rede. A realização dos investimentos depende, entretanto, de aprovação regulatória pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). As conversas aconteceram nesta quarta-feira, 8 de agosto, durante o evento Rio Pipeline, organizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).

O diretor comercial da TBG, Jorge Hijjar, explicou que, com a abertura do mercado de gás natural, os contratos ficaram mais curtos e já não é mais possível que as transportadoras tenham suas receitas atreladas a contratos de longo prazo.

Para ele, o ideal é que a remuneração das transportadoras seja prevista na base regulatória dos ativos e determinada pela ANP, com pagamento feito pelos consumidores no modelo de “condomínio” – ou seja, há um custo fixo para o transporte, que é rateado entre os consumidores que utilizam a malha.

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“Na TBG, há mais de cinco anos vemos um mercado demandante, e que é só uma questão de resolver regulatoriamente o problema da infraestrutura. A TBG está capitalizada, temos todas as condições de fazer os investimentos necessários para que essa demanda reprimida não deixe de ser atendida por uma questão de transporte e infraestrutura”, disse o diretor comercial da TBG, Jorge Hijjar, durante o evento.

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Oferta de gás deve aumentar no Brasil e mudar rotas de dutos

Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) e da distribuidora Bahiagás, Luiz Gavazza, o setor passa por uma fase de interiorização da malha de dutos, com o objetivo de atender segmentos de difícil descarbonização e aumentar a oferta de gás natural para uso veicular (GNV). “Há dois corredores já maduros para serem lançados, como a Via Dutra e Litorâneo do Nordeste”, disse o executivo.

Além das demandas do mercado, as novas rotas de dutos devem considerar as novas origens do gás. O CEO da NTS, Erick Portela, explicou que a malha dutoviária brasileira foi construída tendo como fontes a Bacia de Campos, o campo de Mexilhão (Bacia de Santos) e o gás boliviano. Estas fontes, entretanto, devem reduzir seu fornecimento nos próximos anos e serem substituídas pela produção no BM-C-33 e bacia Sergipe-Alagoas. “O aparato precisa ser reequilibrado”, disse Portela a jornalistas. No mercado, também há conversas sobre uma possível importação de gás de Vaca Muerta, na Argentina.

Em maio de 2023, a Equinor (operadora), Repsol Sinopec Brasil e Petrobras anunciaram a decisão final de investimento no campo BM-C-33, no pré-sal da Bacia de Campos. O ativo tem a particularidade de ter mais gás natural do que petróleo – no Brasil, geralmente os reservatórios têm mais petróleo, com gás associado, e a produção de gás natural é depende da produção de óleo. A expectativa sobre BM-C-33 é que sejam escoados 14 milhões de m3 / dia a partir de 2028.

A vice-presidente de Cadeias de Valor da Equinor, Claudia Brun, participou do Rio Pipeline e comentou que a abertura do mercado de gás foi um dos fatores importantes para a tomada de decisão. “A declaração de comercialidade foi atrasada duas vezes porque não havia regras claras em relação a acesso e transporte de gás natural, era sabido que a capacidade de transporte onshore estava 100% contratada pela Petrobras. A Lei do Gás deu segurança jurídica”, disse ela. Outros fatores que também contaram para a decisão foi a queda na oferta de gás boliviano e os atrasos na UPGN da Rota 3. Para ela, o projeto mostra que, quando há escala e altos volumes, o setor privado pode viabilizar uma nova infraestrutura.

Entre as independentes, o entendimento é que a integração e o compartilhamento de infraestrutura podem favorecer os negócios. “Novos operadores devem rever a operação logística com sinergia, considerando demanda e porte, como o uso compartilhado de dutos onshore e offshore, e de plantas de processamento”, disse o diretor comercial e corporativo da 3R Petroleum, Rachid Felix. Francisco Francilmar Fernandes, diretor de Operações da PRIO, também aposta no compartilhamento de ativos como forma de promover o desenvolvimento das empresas de menor porte.