A Shell espera iniciar a venda de gás natural para consumidores livres no começo do próximo ano, afirmou o presidente da companhia no Brasil, André Araujo, nesta sexta-feira, 16 de abril. A empresa também pretende participar dos próximos leilões de geração de energia do país e avalia disputar a licitação para o arrendamento do terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) da Petrobras na Bahia.
“Estamos nos preparando para poder vender [gás natural] ao mercado consumidor a partir de janeiro de 2022, se as questões pendentes forem endereçadas. Obviamente vai depender de negociações comerciais também, mas a estrutura da companhia está se preparando para poder lidar diretamente com o consumidor a partir do ano que vem”, disse Araujo, em entrevista coletiva realizada por meio eletrônico.
O mercado de gás natural do Brasil está em processo de abertura, por meio da Nova Lei do Gás, sancionada este mês pelo presidente Jair Bolsonaro, pela aprovação de leis estaduais que criam o mercado livre de gás e pelo programa de desinvestimentos da Petrobras.
Araujo ressaltou ainda que o gás natural é um dos pilares dentro da estratégia de transição energética da petroleira anglo-holandesa. “Entendemos que no mundo haverá uma demanda ainda crescente de gás natural”, explicou. “E temos uma grande prioridade local que é a monetização do gás doméstico. Temos colocado bastante foco nessas oportunidades do gás doméstico. Particularmente de [da termelétrica] Marlim Azul e de possíveis outros projetos”, completou.
A térmica Marlim Azul pertence a um consórcio formado pela Pátria Investimentos (50,1%), Shell (29,9%) e Mitsubichi Hitachi Power Systems (20%). A usina possui 565 megawatts (MW) de capacidade e está prevista para entrar em operação em 2022. A térmica tem investimento previsto de R$ 700 milhões. O gás natural do empreendimento será fornecido pela Shell.
Com relação à licitação de arrendamento do terminal de regaseificação de GNL da Bahia, cujo edital foi divulgado hoje pela Petrobras, o executivo explicou que a infraestrutura pode ser importante dentro da estratégia voltada para o mercado de geração de energia. “Os vetores mais aparentes têm sido mercados de crescimento do setor de geração de energia. E uma unidade [de regaseificação de GNL] na Bahia pode ser interessante. Vamos avaliar [a licitação]”.
Questionado sobre o interesse da companhia por novos leilões de geração de energia no país, o executivo disse que a companhia vai participar dos certames.
Com relação ao setor de óleo e gás, Araujo destacou que a companhia vai olhar oportunidades de leilões, em qualquer regime regulatório. Ele reafirmou, porém, a preferência da companhia pelo regime de concessão.
“O leilão do excedente da cessão onerosa e o último leilão de partilha demonstraram que estamos passando por uma espécie de ‘turning point’, em relação aos padrões dos leilões. É extremamente importante que o país continue competitivo”, disse o presidente da Shell no Brasil.
Ele acrescentou que não só o Brasil disputa com outros países a decisão por alocação de investimentos do grupo Shell como o próprio negócio de exploração e produção de óleo e gás compete com projetos da companhia em outras áreas.
Com relação ao processo de contratação da plataforma de produção e armazenamento de óleo e gás para o campo de Gato do Mato, no pré-sal da Bacia de Santos, Araujo contou que foi postergada a data do recebimento das propostas. “Nossa ideia é até o fim do ano termos junto com parceiros uma decisão com relação ao projeto de Gato do Mato”, completou o executivo.
(foto: Edgar Alcântara / Agência Petrobras)