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Da tecnologia para o petróleo: saiba quem é a novata que levou mais de cem blocos no leilão

O 4º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural de Biocombustíveis (ANP), que ocorreu nesta quarta-feira, 13 de dezembro, teve como surpresa a participação da empresa Elysian, que arrematou 122 blocos.

Da tecnologia para o petróleo: saiba quem é a novata que levou mais de cem blocos no leilão

O 4º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural de Biocombustíveis (ANP), que ocorreu nesta quarta-feira, 13 de dezembro, teve como surpresa a participação da empresa Elysian, que arrematou 122 blocos.

Esta é a primeira vez que a Elysian Brasil Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural participa de leilões da ANP. A empresa foi inscrita como empresa concorrente para licitações da Oferta Permanente de Concessão durante a 52ª reunião da Comissão Especial de Licitação da ANP, em 15 de agosto – apenas 13 dias após a sua criação.

Todos os envelopes com os lances foram levados de próprio punho pelo presidente da Elysian, Ernani Machado, que confirmou que a empresa foi criada especialmente para participar deste leilão.

Estreante no setor de óleo e gás, Ernani é sócio de uma empresa chamada JMM Tech e diz já ter desenvolvido soluções para diferentes setores, como militar, segurança pública e acessibilidade para deficientes visuais. Segundo o jornal Estado de Minas, em 2019 o empresário participou da delegação do então presidente Jair Bolsonaro durante viagem aos Emirados Árabes Unidos, na qual foi assinado acordo na área militar. 

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Segundo Machado, a empresa agora estava desenvolvendo tecnologias para petróleo e gás quando percebeu as ofertas do leilão. “Temos essa oportunidade da ANP e temos que agarrá-la. Nós tínhamos a condição financeira de fazer isso. Por que não fazer?”, questiona.

Assim, criou a Elysian para o certame, classificada na Receita Federal como microempresa e que tem apenas R$ 50 mil de capital social. O empresário diz que fará a internalização do capital agora. “Se eu perdesse o leilão inteiro, eu não teria essa empresa”.

Atualmente, a Elysian não tem funcionários – são apenas sete consultores que só agora, depois da vitória em mais de cem blocos, se tornarão de dedicação exclusiva. A empresa também não tem nenhum associado com experiência no setor. “Por isso que nós contratamos pessoas que são extremamente experientes nisso, porque senão a gente está lascado”, explicou o empresário.

Machado avalia que a Elysian se comprometeu com bônus de assinatura totais de R$ 12 milhões e investimento na casa de R$ 400 milhões para todas as mais de cem áreas. Todo o investimento será de recursos próprios, apesar do modesto capital social declarado da companhia. O investimento na primeira fase deve ser de R$ 80 milhões.

Ele conta ter apostado em blocos onshore porque têm custo de produção mais baixo. O empresário também pondera que, apesar do montante final de bônus ter sido alto, cada bloco foi arrematado com lances baixos, muitos a R$ 51 mil, elaborados por uma metodologia descomplicada. “Eu posso falar para você que eu fiz um cálculo e cheguei aos R$ 51 mil, mas é uma mentira. Eu cheguei lá e R$ 50 mil era o mínimo, coloquei mil a mais”.

A decisão sobre as primeiras áreas a serem trabalhadas virá após análise da equipe a ser formalizada, mas Machado acredita que começará os trabalhos pela Bacia Potiguar, onde há maior volume de estudos disponíveis.

O empresário não se assusta com o grande número de áreas que se comprometeu a desenvolver. Para ele, o receio seria se tivesse apenas uma concessão. “Porque eu teria que jogar tudo em uma única área. É tipo uma loteria. Tenho que levar em consideração que eu terei sucesso em 20 % das áreas”, disse.

O grande apetite da Elysian em seu primeiro leilão só foi freado por uma condição: “Todos os locais que mostraram que tinham algum problema com reserva, quilombola, qualquer coisa desse gênero, nós descartamos automaticamente”, diz Machado. Ele conta que a empresa avaliou o relatório do Instituto Arayara – que protestava em frente ao hotel onde ocorreram os leilões – para identificar as áreas mais sensíveis.

Tecnologia e redução de emissões

Com a nova empreitada, Ernani Machado pretende fazer uma forma de exploração e produção de petróleo com menos impacto ambiental. Para isso, utilizará câmeras espectrais de análise que calculam quanto de gases são liberados na atmosfera. “Com aquilo, você vai saber um cálculo de quanto de CO2 você tem. E o nosso objetivo é plantar árvores para neutralizar”, explicou. Na estratégia, a Elysian avalia fazer o plantio de sementes com drones.

Segundo ele, a maioria das tecnologias hoje usadas para extrair o petróleo são as mesmas de 100 anos atrás. “Creio que é possível avançarmos, fazendo coisas não muito grandes, mas focadas em determinados setores”, avalia.

No site da Elysian, também são anunciadas técnicas de produção de petróleo com unidades móveis e suporte de aplicativos.

Perguntado sobre por que não investir em energias mais renováveis em vez de compensar o carbono, Machado explicou que não teria capacidade tecnológica para tanto. “Eu fui no que é mais fácil de fazer. Para ser bem sincero, o petróleo eu entendo que é um problema. Só que é a forma que nós temos hoje. Então, o que é melhor? Todo mundo vai explorar. Seja eu, seja alguém. Se eu puder fazer isso, a minha visão é como que eu faço isso com o menor impacto possível”, disse.

ANP: “Não há motivo para preocupação”

O diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, declarou que a Elysian apresentou garantias para sua participação no leilão e passará por uma segunda etapa de análise “bem mais detalhada” após o certame, assim como todas as licitantes vencedoras. Para ele, não há motivo de preocupação “neste momento”.

*Matéria atualizada às 11:45 para inclusão de informação sobre participação do empresário em viagem presidencial em 2019.