A estatal paranaense Copel vai concentrar seus esforços em 2023 nas negociações para sua capitalização e, consequentemente, renovação das concessões das hidrelétricas de Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias, que somam 4,1 GW de potência, e representam quase 70% de toda a energia gerada pela companhia.
“Nossa prioridade aqui é o processo de corporação, qualquer outro plano está fora da nossa estratégia preliminar. Não pretendemos participar do leilão de transmissão deste primeiro semestre, o do segundo ainda avaliamos, mas é secundário”, disse Daniel Slaviero, presidente da Copel, em teleconferência sobre os resultados da companhia em 2022.
A urgência se dá pelo fato de que a empresa precisa renovar a concessão de Foz do Areia até o fim deste ano, já que sua concessão terminaria em dezembro de 2024. “Um terço da nossa geração está nela, estamos totalmente focados. Não vamos olhar nem greenfield nem brownfield em 2023”, completou Slaviero.
O processo de privatização da Copel deve acontecer de forma semelhante ao da Eletrobras, com a venda de ações do governo paranaense numa oferta na bolsa, transformando a empresa num grupo de controle diluído, chamado de corporation, ou corporação, no mercado financeiro.
Segundo Slaviero, o governo do Paraná disse que ficará com pelo menos 15% do capital da companhia, ante os 31% do capital social detidos hoje. A quantidade de ações vendidas, portanto, vai depender da decisão da Copel sobre uma potencial oferta primária de ações na bolsa, na qual vai emitir novos papeis. Os recursos iriam para o pagamento da outorga pela renovação das concessões das três hidrelétricas, que vencem em 2024, 2032 e 2033.
“Entendemos que uma eventual parcela primária pode sim ser bastante interessante para a companhia, ainda mais com os compromissos que falamos de pagamento de bônus da outorga”, disse. Segundo ele, a Copel tem espaço no balanço para financiar as aquisições, e vai avaliar qual custo compensa mais.
Na teleconferência, Slaviero comentou ainda sobre a venda da termelétrica Araucária pela companhia. Inicialmente, a Copel tinha iniciado a venda em conjunto com a Petrobras, que é sócia no ativo, mas a estatal informou a paralisação nas vendas atendendo um pedido do governo. “Caso, por ventura, a Petrobras desista de desinvestir, o que parece provável, seguiremos com a venda da nossa parte, conforme nosso plano de descarbonização da matriz”, disse.
Resultados de 2022
No quarto trimestre de 2022, a Copel teve lucro líquido de R$ 623,5 milhões, alta de 57,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado refletiu, em parte, um ganho fiscal de R$ 328 milhões na linha de imposto de renda e contribuição social, devido à dedução de valores em razão do pagamento de juros sobre o capital próprio (JCP).
Já a receita operacional líquida totalizou R$ 5,626 bilhões, queda de 14,7% frente igual período de 2021. Segundo a Copel, o resultado é reflexo da redução de R$ 752,2 milhões com suprimento de energia elétrica, da redução de R$ 139,8 milhões na receita de fornecimento de energia elétrica, entre outros fatores.
A relação entre dívida líquida e Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em 2 vezes, e a companhia teve uma geração de caixa operacional de R$ 930 milhões no trimestre. Ao fim de 2022, a Copel tinha um fluxo de caixa disponível de R$ 2,55 bilhões.