A Taesa pretende focar seus esforços na alocação e na estruturação de capital antes de decidir se participará de novos leilões de transmissão. A transmissora anunciou nesta quinta-feira, 8 de maio, a aprovação de uma nova proposta de pagamento de dividendos de, no mínimo, 75% do lucro líquido regulatório, com foco em controlar sua alavancagem, que atingiu 3,8 vezes no primeiro trimestre do ano, para ter capacidade financeira de continuar participando dos certames.
Com cerca de R$ 3 bilhões em investimentos para execução de obras nos próximos dois anos, a transmissora espera, segundo Rinaldo Pecchio Junior, presidente interino e diretor Financeiro de Relações com Investidores, a medida deve proporcionar à Taesa margem no balanço para promover o crescimento das suas operações e se preparar para um novo ciclo de expansão.
“Essa [nova] prática de dividendos atinge uma maturidade em cima de vários fatores que a companhia tem vivenciado. Não podemos esquecer que temos investimentos relevantes ainda por fazer, mais de R$ 3 bilhões, que vão contribuir com uma receita de mais de R$ 430 milhões nos próximos ciclos”, disse o executivo em teleconferência com investidores realizada nesta quinta-feira, 9 de maio.
Conforme estimativas da transmissora, a alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda (sigla para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deve ser superior às 3,8 vezes reportadas neste trimestre, com possibilidade de queda em 2025, quando a empresa pretende atingir a distribuição de dividendos de até 100% do lucro líquido regulatório.
“Queremos preservar uma possibilidade de captações bastante competitivas. Esse é um dos pontos que entendemos a necessidade de equilibrar a visão de captações competitivas para poder participar de leilões e, mais do que isso, ter um crescimento na companhia e continuar sendo uma empresa que faz pagamento de dividendos compatível com a sua geração de caixa”, continuou Junior sobre o assunto.
Em relação ao segundo leilão de transmissão do ano, previsto para setembro, Fábio Antunes, diretor de Novos Negócios e Gestão de Participação, afirmou que a companhia está ativamente avaliando os lotes e pretende tomar uma decisão de participação mais próxima do certame.
A companhia informou ainda que segue avaliando “boas oportunidades de M&As”(sigla para fusões e aquisições).
Dividendos
O Conselho de Administração da Taesa aprovou a distribuição de dividendos, com base nas demonstrações financeiras intermediárias de 31 de março de 2024, no montante de R$ 144,9 milhões, a título de juros sobre capital próprio.
O pagamento ocorrerá no dia 27 de junho de 2024, com base na posição acionária do dia 13 de maio de 2024. A partir do dia 14 de maio de 2024, as ações e units passarão a ser negociadas como “ex-Juros sobre capital próprio” na B3.
Segundo a empresa, a nova política de dividendos anunciada não muda a distribuição de proventos mínimos obrigatórios previstas no seu estatuto social, que consiste em um dividendo anual não cumulativo de, pelo menos, 50% do lucro líquido ajustado, calculado com base nas regras internacionais de contabilidade (IFRS).
Resultados
A Taesa encerrou o primeiro trimestre de 2024 com lucro líquido regulatório de R$ 193,2 milhões, redução de 10,3% em relação ao mesmo intervalo do ano passado. O Ebitda regulatório totalizou R$ 485 milhões, queda de 7,1%. Já a receita líquida regulatória totalizou R$ 584 milhões, uma diminuição de 2,4%.
No trimestre, o desempenho da empresa foi impacto principalmente por um evento pontual em Janaúba, com impacto na Parcela Variável de R$ 13,4 milhões, equivalente a 2% da Receita Anual Permitida (RAP) do trimestre. De acordo com Cristiano Granjeiro, gerente executivo de Relações com Investidores, em janeiro, houve um desligamento intempestivo na linha de transmissão, com duração de 23 horas de indisponibilidade.
“O desligamento foi provocado pela falha de um dos componentes de sustentação dos cabos em uma das linhas do ativo. A identificação foi difícil e prejudicou a recomposição. Estamos tomando todas as providências para buscar uma compensação do valor, seja via regulatória ou com o fornecedor dos componentes”, disse Granjeiro.
Também afetaram o resultado eventos não-recorrentes que impactaram os custos operacionais no valor total de R$ 10,1 milhões, além da conjunta dos índices econômicos com reajuste negativo do IGP-M no ciclo RAP 2023-2024 para as concessões de categoria 2, licitadas com base blindada e sem revisão tarifária, e pela queda de 50% da RAP da ATE III -última concessão de categoria 2 sujeita a esta redução.
Tais efeitos foram compensados pelo início da operação do ativo Saíra (1ª fase), a entrada em operação de novas fases de Sant’Ana e o reajuste inflacionário em IPCA no mesmo ciclo.
O resultado regulatório é considerado pelas empresas de transmissão e pelos analistas de mercado como mais aderente ao retrato financeiro atual do segmento. Nesse tipo de contabilização, a receita representa os recebimentos da companhia, refletindo no seu fluxo de caixa, e os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo imobilizado. No regulatório, a receita reflete a Receita Anual Permitida registrada conforme o faturamento, no prazo da concessão.