A crise energética da União Europeia deve impactar no aumento de investimentos do bloco no Brasil, principalmente no setor de renováveis, avalia novo estudo da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Atualmente, o país responde por 41,5% dos investimentos do bloco na América Latina e por 3,1% dos aportes globais.
Segundo o estudo da agência, entre 2000 e 2020, dos 133 projetos de infraestrutura que contaram com investimentos europeus no Brasil, 74 eram para geração de energia verde, sendo 50 de parques eólicos e 24 de usinas solares fotovoltaicas.
“Há muito potencial para aprofundarmos o nosso relacionamento e, a chave disso, é o Acordo Brasil – União Europeia. Entre 2014 e 2020, o Brasil foi o principal destino dos investimentos da União Europeia em países em desenvolvimento, à frente inclusive da China”, afirma Margrethe Vestager, presidente-executiva da Comissão Europeia, que esteve presente no lançamento do estudo.
No encontro, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, disse que o acordo entre os países afetará até 700 milhões de pessoas, entre Brasil e União Europeia, e tem o potencial de “mudar a geografia econômica mundial”.
Também presente no evento, Gerando Alckmin, vice-presidente do Brasil, afirmou que os investimentos em fontes renováveis pela UE já é uma realidade, mas que o setor pode crescer ainda mais à medida que o governo brasileiro investir nas áreas de ciência e novas tecnologias, fazendo com que o país alcance um “novo patamar” de desenvolvimento e economia verde.
“A última reunião de cúpula foi em 2014, praticamente há quase 10 anos. Nós queremos fortalecer esta parceria. Temos os mesmos valores, os mesmos princípios: do desenvolvimento inclusivo, do desenvolvimento com estabilidade e do desenvolvimento com sustentabilidade. Temos muitas oportunidades e uma neoindustrialização, muito baseado na digitalização, importantes nichos de mercado e sustentabilidade”, disse Alckmin.
Vestager disse ainda que está satisfeita com as mudanças das pautas nas políticas públicas do governo brasileiro, e que a União Europeia deve trabalhar em conjunto com o Brasil para proteger a Amazônia, os Direitos Humanos e combate ao desmatamento ilegal.
Margrethe ainda recomendou que as duas nações encontrem uma maneira de aprofundar as relações comerciais e que toda a projeção financeira do país ultrapasse as barreiras dos mercados, das indústrias, chegando até a vida das pessoas. “Isso não é apenas uma questão de gerar emprego, é uma questão de cultura”, disse.