Em inauguração de fábrica de ônibus elétricos, Lula defende produção nacional

Poliana Souto

Autor

Poliana Souto

Publicado

05/Jun/2023 18:32 BRT

Categoria

Empresas

A fabricante de ônibus Eletra inaugurou a ampliação de sua unidade voltada aos modelos elétricos na Rodovia Anchieta, em São Bernardo do Campo, São Paulo. Com produção totalmente nacional, a fábrica deve produzir 150 ônibus elétricos por mês, totalizando 1,8 mil por ano, e a depender da demanda do mercado, alcançar podendo chegar a 2,7 mil unidades.

A cerimônia de inauguração contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, que defenderam a reindustrialização do país por meio de tecnologias inteiramente nacionais.  

“Eu adoro que o Brasil participe do comércio mundial e que mantenha uma relação com todos os países do mundo. Mas se tratando de negócios, eu prefiro fazer negócios com os brasileiros para fortalecer a indústria brasileira”, disse o presidente.

Segundo Lula, a indústria brasileira já representou 30% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto hoje esse número chega a 10% ou 11%. Já Alckmin disse que a ampliação da unidade da Eletra faz parte do processo de “neoindustrialização” que o governo está implementando.  

“Aqui está a neoindustrialização: inovação, pesquisa, desenvolvimento e engenharia nacional”, comentou, citando a tecnologia de eletrificação. 

A presidente da Eletra, Milena Romano, também disse que o Brasil precisa recuperar o protagonismo na indústria de transporte coletivo e que a companhia vai investir em mais plantas industriais.  

Acordo Mercosul-UE 

Em seu discurso, o presidente Lula afirmou que não aceita a proposta da União Europeia para que o Brasil possibilite a participação externa no setor de compras governamentais e disse que cabe ao país garantir a sobrevivência de sua indústria, por meio da valorização do produto nacional.  

“O que os europeus querem no acordo? Que o Brasil abra as portas para compras governamentais. Ou seja, eles querem que o governo brasileiro compre as coisas estrangeiras ao invés das brasileiras. E se eles não aceitarem a posição do Brasil, não tem acordo. Nós não podemos abdicar das compras governamentais que são a oportunidade das pequenas e médias empresas sobrevivem nesse país”, afirmou o presidente.  

O acordo Mercosul - UE, que zera as tarifas em um prazo máximo de 15 anos, é negociado há duas décadas e chegou a um texto final em 2019, mas sua entrada em vigor depende do aval do parlamento europeu. Com a mudança de governo, as negociações voltaram à mesa, inclusive com um documento com compromissos adicionais na área ambiental por parte do Mercosul. 

Citando anúncios dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Noruega relacionados ao fundo Amazônia, Lula ressaltou que não é apenas o país que precisa. 

“A Amazônia não é só brasileira, você tem floresta em oito países. Se eles, que são industrializados, já desmataram o que tinha de desmatar, têm que pagar para que quem tem floresta ainda, mantenha a floresta em pé”, declarou.