Após encerrar 2022 com 2,3 milhões de módulos fotovoltaicos fabricado no país, a chinesa BYD espera um “acordo setorial”, via política nacional, para expandir sua unidade fabril para diversas regiões e aumentar o volume da sua produção. Para Marcello Schneider, diretor Institucional da companhia, o governo e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deveriam “sentar na mesa” e pensar em algo em conjunto.
“Hoje, a segunda maior fonte da matriz energética do país é a solar, temos reservas grandes de silício [matéria prima para produção das células solares] e ainda, infelizmente, não olhamos para o setor. O Brasil tem condição de criar uma política nacional, em que todos os atores precisam estar envolvidos, porque vemos muita gente bem-intencionada, mas com cada um levando para um lado. Todo mundo quer fazer, mas ninguém senta na mesa e fala ‘vamos fazer todo mundo junto?’”, destacou o executivo em evento promovido pela empresa para jornalistas.
>>Brasil perdeu a oportunidade de ser fabricante de painéis solares, diz ministro.
A política nacional precisaria solucionar questões da cadeia solar no longo prazo, viabilizando o aumento de unidades fabris da fabricante e de outras empresas no país. Assim, segundo o diretor, o setor ficaria mais competitivo e seria possível reduzir a importação dos chineses.
Na opinião de Schneider, a China tem ganhado espaço no Brasil, principalmente, pela isenção de tributos de importação, que soma uma diferença entre 30% e 35% em relação ao módulo fabricado nacionalmente. Já os painéis solares brasileiros ganham competitividade apenas na parte do financiamento, realizada por meio do Finame, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Segundo o executivo, o mecanismo público precisa ocorrer com soluções “criativas”, que vão além de taxas, impostos e subsídios. Um exemplo seria processos licitatórios públicos, em que governos colocariam no edital a prioridade ao mercado nacional, por meio de uma capacidade instalada ‘x’, e o restante poderia ser adquirido tanto no Brasil quanto no exterior. A ideia com isso seria garantir, em primeiro momento, a demanda das fábricas.
“Depois vamos mudando essa variável [o processo], estimulando quem produz aqui, ajudando a aumentar sua capacidade produtiva, estimulando quem está importando a fazer uma unidade fabril no Brasil, gerando emprego e renda”, disse Schneider.
No momento, a BYD tem uma unidade fabril no Brasil com capacidade produtiva de 500 MW. O modelo, segundo o diretor, poderia ser reproduzido em diversas regiões do país.
Veículos Elétricos
Além da fabricação de painéis solares, a BYD tem olhado para o mercado nacional de veículos elétricos, principal fonte de faturamento da companhia atualmente. Após investir R$ 3 bilhões na instalação de suas três novas fábricas em Camaçari, na Bahia, a fabricante se prepara para implementar sua quarta fábrica no local até 2025.
A companhia também atenderá uma demanda de 877 chassis para ônibus elétricos do governo do estado de São Paulo, que pretende fazer uma transição de 2.600 ônibus da frota a combustão até o final de 2024.
De acordo com Schneider, os recentes anúncios da administração estadual sobre os recursos adquiridos com bancos públicos, como o BNDES, Caixa e Banco do Brasil, para troca da frota trazem segurança para a realização do investimento no setor, já que a BYD e o governo de São Paulo não assinaram nenhum acordo. Além disso, a fabricante vê na entrega a chance de outros estados investirem na eletrificação das frotas de ônibus.
Enquanto vê barreiras na infraestrutura do Brasil, a BYD também está estudando sua entrada no setor de carregadores estacionários, via equipamentos rápidos com e sem bateria para armazenamento – disponíveis a partir de 2024, por meio de parcerias.
*Matéria atualizada às 11h43 desta sexta-feira, 11 de novembro, para correção sobre a informação de unidades fabris*