Expansão de eólica offshore no Brasil dependerá do hidrogênio verde off-grid, prevê Wood Mackenzie

Poliana Souto

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Poliana Souto

Publicado

20/Out/2022 14:56 BRT

O desenvolvimento do mercado de eólica offshore no Brasil será apoiado por projetos de hidrogênio verde (H2V) off-grid, ou seja, energia que não será escoada na rede de transmissão do país. Segundo análise da Wood Mackenzie, os projetos de hidrogênio deverão desempenhar um papel importante no uso doméstico de energia e nas exportações do país.

A análise prevê que o Brasil responderá por cerca de 6% do suprimento total de H2V do mundo até 2050, caso o mercado ganhe escala após 2030. No entanto, apenas 20% das instalações de hidrogênio verde no país usarão energia elétrica de projetos conectados à rede de transmissão.

Neste horizonte, a energia eólica offshore no Brasil desempenhará um papel “fundamental” na economia e na posição de liderança do país como exportador global de energia. No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito na frente regulatória “para tornar isso uma realidade.”

Para Kárys Prado, analista de Energia e Renováveis da Wood Mackenzie, o mercado brasileiro deverá enfrentar diversas barreiras para alcançar uma posição consolidada como exportador global de energia offshore no longo prazo. Entre os desafios vistos pelos investidores em geração offshore, o relatório cita questões regulatórias, demanda limitada de energia, restrições na infraestrutura de transmissão, concorrência com outras fontes, financiabilidade de projetos e problemas na cadeia de suprimentos.

“A futura capacidade eólica offshore [no Brasil] poderá superar as expectativas na região”, concluiu Prado.

Eólica offshore na América Latina

A América Latina deverá alcançar 34 GW de capacidade em projetos eólicos offshore até 2050, também motivado pelo crescimento de empreendimentos de hidrogênio verde fora da rede.

A Wood Mackenzie prevê que, além do Brasil, a Colômbia deve liderar a expansão da fonte renovável nos próximos anos, já que ambos os países deverão passar por um movimento regulatório significativo nos próximos anos. Até 2032, a casa de análises estima uma taxa de crescimento anual de 15,4% após a liberação de projetos nesses países.

“Ambos os países têm um número crescente de projetos planejados, e o crescimento do pipeline anunciado este ano na América Latina já representa uma participação de 34% dos anúncios globais de novos projetos, no terceiro trimestre de 2022”, afirma Prado.

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