Eólica

Expansão da eólica no Brasil depende de uma política industrial energética

A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) está preparando um pacote com uma política industrial energética para entregar ao governo, a fim de impulsionar o setor de energia eólica, que tem sofrido com a falta de demanda e os baixos preços de energia no médio e longo prazo.

Expansão da eólica no Brasil depende de uma política industrial energética

A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) está preparando um pacote com uma política industrial energética para entregar ao governo, a fim de impulsionar o setor de energia eólica, que tem sofrido com a falta de demanda e os baixos preços de energia no médio e longo prazo.

Na abertura do Encontro de Negócios da Abeeólica, a presidente da entidade, Élbia Gannoum, afirmou que esse não é um conceito criado para o Brasil, e pacotes de estímulo à indústria da energia limpa têm sido anunciados nos Estados Unidos e na Europa, além de outros países como o Chile.

Para Gannoum, o Brasil também precisa de um pacote, com a diferença que ele vai ter “zero bilhões de reais”.

“O governo não precisa colocar a mão no bolso para fazer um pacote de política industrial energética, só precisa criar aquilo que nós investidores chamamos de ambiente amigável para atrair investimentos. É apenas isso, e tem que ser feito com aparatos regulatórios nos casos da eólica offshore e do hidrogênio verde, e com alguns ajustes regulatórios para eólica onshore. É esse o pacote que vamos levar para Brasília”, disse Gannoum, chamando a contribuição dos agentes presentes no evento.

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No discurso, ela falou que é necessário “repaginar” o mercado, que será associado à transição energética. “Vamos fornecer energias renováveis para a indústria produtora de commodities verdes. Lá na frente, vamos produzir hidrogênio verde com eletrolisadores brasileiros, para exportar hidrogênio verde. Temos que pensar o valor agregado e o conceito industrial”, disse.

O conceito de “solução energética” foi presente no discurso da presidente da Abeeólica. Segundo ela, a discussão de mudança na metodologia dos leilões vai resultar na contratação de soluções energéticas, e não a geração por uma fonte ou outra.

“Nesse processo amplo de transição energética justa, o Brasil é disparado o país que tem maior potencial de se tornar uma liderança global em soluções energéticas”, disse Gannoum.

O presidente do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), Ben Backwell, destacou ainda a oportunidade que o Brasil tem para exportar equipamentos de geração eólica para outros mercados. A entidade enxerga um gargalo nas indústrias de equipamentos dos Estados Unidos e Europa nos próximos anos, devido aos investimentos vultuosos dos programas de estímulo anunciados pelos governos, ao mesmo tempo em que a demanda no Brasil tem desacelerado. 

“O Brasil tem capacidade industrial para exportar, temos uma indústria importante aqui”, disse Backwell. Segundo ele, o país pode aproveitar também a integração regional da América Latina para fornecer máquinas para mercados da Colômbia, Uruguai, Chile, e futuramente para a Argentina.