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Eneva se consolida no mercado de gás e busca novos contratos para monetizar ativos

Eneva se consolida no mercado de gás e busca novos contratos para monetizar ativos

(Com Poliana Soutto)

Com a segunda aquisição em menos de dez dias, a Eneva se consolida no mercado como principal player independente no segmento de gás natural, e deve buscar agora alternativas para monetizar seus ativos de gás e novos contratos de venda de energia. 

A companhia anunciou na manhã dessa sexta-feira, 10 de junho, que fechou um acordo para adquirir a Termofortaleza, da italiana Enel, por RS 431,5 milhões. A usina, de 327 MW de potência, fica num local estratégico, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará, e seus contratos de fornecimento de gás, com a Petrobras, e de venda de Energia, com a Enel Ceará, terminam em 2023.

O negócio, que começou a ser desenhado em 2021 e teve assessoria do Santander, por parte da Eneva, e do BTG Pactual, no caso da Enel, converge com a estratégia de ambas as companhias. De um lado, a italiana acelera seus planos de descarbonização. De outro, a Eneva vai poder viabilizar o consumo de novas ofertas de gás, já que a diversificação tem sido uma forma de buscar preços mais competitivos para ganhar o mercado. 

Segundo uma fonte próxima da operação, a Eneva deve buscar um novo contrato de compra de energia (PPA, na sigla em inglês) para a usina no leilão de reserva de capacidade previsto para o fim deste ano. Para o gás, ainda não há solução, mas a localização na região portuária abre a possibilidade de uso de gás natural liquefeito (GNL) ou de aproveitamento de recursos que poderão ser explorados no Polo Bahia Terra, cuja aquisição está sendo negociada com a Petrobras em um consórcio formado pela Eneva e a Petrorecônvaco. 

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O ativo compreende 28 concessões de produção terrestre na Bahia, e acesso à infraestrutura de processamento, logística, armazenamento, transporte e escoamento de petróleo e gás natural. Uma liminar na Justiça do Rio paralisou as negociações entre as empresas, mas, segundo a fonte, se o negócio avançar, o ativo pode produzir o gás necessário para geração de energia na Termofortaleza.

Outra opção para a Eneva pode ser uso de GNL injetado via o terminal de GNL contratado junto da aquisição da termelétrica Porto de Sergipe, que terá futuramente uma conexão com a malha na TAG.

Essa foi outra aquisição anunciada pela Eneva na semana passada, envolvendo a termelétrica de 1,6 GW, e o terminal com capacidade de regaseificação de 21 m³/dia, sendo que apenas 6 milhões de m³/dia são usados pela usina existente. Nesse caso, a usina tem contrato de venda de energia vigente até 2044, prazo que também se aplica ao afretamento do terminal de GNL e ao contrato de compra de gás firmado com a Ocean, joint venture entre a ExxonMobil e a Qatar Energy.

Após essas aquisições, a Eneva está em uma posição privilegiada, de acordo com uma fonte, que enxerga que existe escassez de agentes integrados como a companhia. “Ela pode ter o gás onshore, queimar na usina, pode transportar como faz em Azulão, e tem a expectativa de crescer via a térmica no Ceará”, disse, lembrando ainda que a empresa discute, em paralelo, a contratação de um terminal de regaseificação no Maranhão, onde tem o Complexo Parnaíba.

A localização da Termoceará em Pecém é importante também para sua diversificação em energias renováveis, que ganhou força depois da compra da Focus, em dezembro do ano passado, por R$ 936 milhões, que trouxe junto o projeto solar Futura 1, que terá 671 MW de potência e ficará na Bahia.

Pecém tem despontado como um dos principais centros de desenvolvimento de projetos de hidrogênio verde no país, opção que também deve ser perseguida pela Eneva.

Quando foi anunciada a aquisição da Centrais Elétricas de Sergipe (Celse) por R$ 6,1 bilhões, executivos da Eneva declararam que o financiamento do negócio ainda estava sendo desenhado. Considerando a compra da Termofortaleza, e as negociações do Polo Bahia Terra – caso avancem -, é grande a aposta de que a Eneva buscará uma oferta subsequente de ações no mercado. A ideia é combinar dívida e equity, num desenho da estrutura de capital que deve ser informado ao mercado em breve.

Assim como no caso da Celse, a compra da Termofortaleza ainda está sujeita a condições precedentes para esse tipo de operação, inclusive do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).