'Kilowatts before gigawatts', sugere associação egípcia ao Brasil sobre hidrogênio verde

Natália Bezutti

Autor

Natália Bezutti

Publicado

26/Mar/2024 17:00 BRT

Categoria

Hidrogênio

O Brasil deve utilizar a sua capacidade de produção do hidrogênio verde para desenvolver projetos voltados à sua economia, antes de pensar em memorandos de entendimento (MoUs) ou exportação. A opinião é de Khaled Hageib, vice-presidente da Hydrogen Egypt (H2EG), que acredita que o desenvolvimento da tecnologia deve ser modular e em menor escala antes de chegar à exportação.

“Há 15 anos o Egito começou a se desenvolver em energias renováveis e os países europeus foram pra lá e assinaram uma infinidade de memorandos de entendimento. Agora, o Egito está reagindo à demanda e se perguntando: onde está alocada sua capacidade?”, disse o vice-presidente da H2EG durante o Atomexpo 2024, evento realizado nos dias 25 e 26 de março em Sochi, na Rússia.

Atualmente, a principal aplicação do hidrogênio verde na economia do Egito está no transporte e na agricultura. “As pessoas tendem a pensar em produção em larga escala, em MoUs, mas eu acho que começa com os kilowatts. Os killowatts antes dos gigawatts”, disse Khaled Hageib.

Depois de iniciar a integração do hidrogênio ao transporte, o país começou a utilizar na produção em pequena escala de eletrolisadores, no que ele chama de um movimento “de baixo para cima” e que estaria proporcionando grandes oportunidades.

No painel, que contou com a participação de representantes da indústria russa e dos governos chinês e da sul-africano, o Brasil não foi explorado como ‘celeiro de oportunidades’ para o tema.

Questionado sobre o tema, Evgeny Pakermanov, presidente da Rusatom Overseas, disse não saber o motivo para o Brasil não ter sido mencionado durante o painel, mas que vê no país muitas oportunidades para criação de hubs para desenvolvimento do hidrogênio verde, assim como em toda a América Latina.

“O hidrogênio é o futuro da descarbonização da energia e países com diferentes tipos fonte, como eólica e solar, têm no hidrogênio um instrumento para a eficácia da descarbonização. Por isso, acho que há muitas oportunidades no Brasil e toda a nova tecnologia precisa de colaboração para criar facilidades e projetos pilotos”, disse.

*A jornalista Natália Bezutti viajou à convite da Rosatom